• 0034-609-653-176
  • contacto@alfredoferreiro.com
  • Galiza, Espanha, Europa

De livros e fantasias contáveis I/V

Écrive qui voudra, chacun à ce métier

Peut perdre impunément de l’encre et du papier

Un roman, sans blesser les lois ni la coutume,

Peut conduire un héros au dixième volume.

(de Le libraire au lecteur, Boileau: Satires, IX, 68, 1660)

Talvez seja o detalhe de eu nascer numa família de contáveis que faz que as minhas metáforas culturais primeiras e moral básica se estruturem em livros pautados, raias vermelhas e partidas que têm a ver com o “deve” e o “haver”.

E se a números imos no mundo editorial e cultural galego, a mim, por muitas voltas, as contas me não saem. Os autores queixam-se de não poderem viver do que escrevem. O publico de que não há qualidade. E os editores laiam-se de serem mecenas e apenas sobreviverem.

Livros, de Van GoghEstamos fartos de escuitar que o público leitor na Galiza é, por problemas estruturais e históricos de alfabetização e recursos, minguado. Raro em galego ainda que mais exigente. Escasso e um pouco mais consumista em castelhano. E, de dez anos a esta parte, nascente e mui interativo em português.

A produção, porém, de títulos, quanto de autores a escreverem aumenta de ano em ano. Cada vez é que se escreve e traduz mais para galego. Mas, não é logo em proporção ao mercado, nem em previsão de consumo e menos de apostas de futuro ou atendendo propostas factíveis de normalização. E ainda, como se de companhias teatrais ou cinema tratarmos, ameaçam o futuro novas editoras, autores e títulos.

As instituições não pensam realmente em campanhas para criar o público em galego, pois para isso seria precisa uma maciça re-alfabetização de adultos e uma séria reforma do sistema escolar. Ergo, há que contar com o que há.

Se minha geração (ponhamos 1965-1975) é a mais longa e à vez a mais leitora e escritora em galego das que nunca houve, e atendendo a pirâmide populacional, isto quer dizer que a ponta estatística de público potencial pouco mais vai aumentar nos vindouros vinte anos. É justo agora ou em 5-8 anos quando ao nosso consumo engadamos o dos nossos filhos, o momento de pensarmos estratégias.

Share

3 thoughts on “De livros e fantasias contáveis I/V

    • Author gravatarAuthor gravatar

      Dás no alvo cando traes para a mesa o “corpo simbólico-cultural”: é aí onde os intelectuais temos o deber, hoxe se non máis desde logo non menos que en calquera das peores épocas, de mostrar altura cultural. Digo altura real para falar en termos de promoción de actitudes dignas, xenerosas, integradoras de enerxías e de valorización do patrimonio (no sentido máis amplo). Actitudes de defensa implícita antes que explícita. O que se defende abertamente é o débil, portanto as actitudes CREATIVAS, ACTIVAS E CONECTADAS AO MUNDO ACTUAL son as máis necesarias. As que demostran saúde, xeración ilimitada de enerxía e vontade de crecer. Só así a sociedade poderá ser atraída polo ondulante “corpo cultural” nacido dela e para a ela servir.

      De nada serve permanentemente chorar ou facer relevantes tantas eivas históricas, circunstanciais ou crónicas. Moito espazo fica libre para o NOVO. Só hai que procuralo, atopalo, coidalo e facelo FLORECER. Cada autor/creador se preocupando da súa propia xestación, mais despois facilitando que as obras podan brincar xuntas no parque perante os ollos sorprendidos de todos os paseantes. Mais, onde están os pais de tais criaturas? Esa é a cuestión. Non apareceron en escena ou aínda non reparamos no seu talento, ancorados en criterios caducos ou pesimismos patolóxicos? Gozamos redefinindo labirinticamente a nosa desventura cultural? É a denuncia unha xustificación da nosa inactividade?

    • Author gravatarAuthor gravatar

      A isso vou caro, digamos o que digamos 4.000 exemplares é uma quantidade bem discreta.

      A maior parte dos autores galegos reconhecidos não vendem por riba dos centos de exemplares. E em teatro, poesia e ensaio há mais de um que passeia aleve a sua obra leve por toda parte que nem aos 100 (exagerando pelo alto) exemplares de venda tem chegado.

      Na minha humilde opinião, estamos afeitos a tomar por virtudes o que são necessidades e péssimas práticas consolidadas e a autoconvencer-nos, com boca cheia em êxitos e progressos, ausentes do mundo.

      Como se um sistema literário pudesse viver tanto sem atender o próprio mercado e das possantes industrias (que por certo passam do livro galego e do galego mesmo) entre as que se mexe, como do seu público natural que continua sendo desprezado e ignorado entanto vai desaparecendo.

      Não é questão de criticar por criticar pequenos elementos, autores, perspectivas, livros, escolhas, palavras. É que o sistema actual, tal como se configurou, está no limite. Se queremos ir algures haverá que repensar. E se não queremos -ainda que só seja para ter autores profissionais, alguma obra digna e conectar com o público popular que ainda vive em galego- também.

      E a respeito dos ponto de venda, propaganda e mesmo de leitura, muito se devia falar. Num território e com uma população como a nossa tratar de aplicar técnicas de venda e marketing normais não vai. Se ainda não há apenas pontos de venda nas grandes vilas, o que há nas pequenas além de caciques?

      E isto sem falar de sistemas culturais emergentes, e de nações. Disso tratamos noutra série, se quereis. Que eu, francamente, tinha por certo que escrever galego não era fim em si próprio, era para suster o corpo simbólico e cultural do projecto alternativo nacional (que para mim é civil e cidadão) galego.

      Eu, polo menos sou consciente de ser apenas um galego parcialmente analfabeto e colonizado. Aceitaria o que há, o sistema, mas os contos e as hipocrisias, não. Considero que sem tantas gaitas, ainda aceitando o que há, melhor nos iria a todos.

      Agora, eu, desde logo, já não aguardo mais por ninguém.

    • Author gravatarAuthor gravatar

      Canto ás traducións, recentemente teñen ofrecido datos que para os editores son positivos. O Brooklyn Follies, de Paul Auster, leva vendidos segundo Galaxia 4000 exemplares. Pensemos que se trata da obra dun americano actual, isto é, pura modernidade, e que moitos dos lectores galegos terán comprado a obra en Anagrama. Son lectores que comezan agora con Auster ou xa adheridos que preferen lelo en galego?
      Unha anécdota oportuna: estaba eu nas estantes de galego d’O Corte -aquí na Coruña- cando alguén lle preguntou ao responsábel de sección por Viaxes no scriptorium. Este respondeu: “Creo que en la sección de Novedades (principal) no la tenemos, pero déjeme mirar aquí (libro galego) porque ahora es fácil que salga al mismo tiempo en gallego, si la quiere”. O que aconteceu ao final foi que na sección de libro galego non a atopou colocada, e porén cando revisou a de novidades xeral (castelán) alí estaba, no lugar que lle correspondía. Conclusión: estratexia falida do vendedor, que imaxino non quererá repetir. Algo fallou, desde logo, nesa anunciada contemporaneidade de edicións: ora a distribuidora, ora a colocación nas estantes… Son detalles máis importantes do que parece, até porque a concepción total do “sistema literario” debe asimilarse nas estratexias de espallamento ao de “mercado”: escribir, editar, distribuir, ofrecer con normalidade, escoller, consumir. O que tivo unha boa experiencia é posíbel que volte, mais para iso é preciso que todo un longo proceso o convenza de que consumindo un “produto para galegos” é capaz de sentirse tan ben tratado como calquera. E se cadra máis progre, máis ecoloxista, máis moderno… Calquera sentimento que revista a experiencia de positividade.

Comments are closed.