Nº 8 da “Saudade, revista de poesia”
Por amabilidade do António José Queirós, poeta e dinamizador literario incombustíbel e, o que é mellor aínda, constante produtor de cultura, chegou no outono pasado ás miñas mans un novo número da Saudade. Con vontade de ampla lusofonía e novo iberismo, todo harmonicamente mesturado, ten incluído xa muitos nomes da poesía hispánica, americana e africana. Neste número dedicado á “morte” podemos achar, para alén dos habituais de Portugal, Galiza e Brasil, portugueses como José Luís Peixoto e Casimiro de Brito, entre moitos outros. Na nómina dos galegos nesta ocasión figura a blogoveciña Yolanda López.
O próximo número será dedicado ao “corpo”. Aí, se o destino, deus dos ateus, nolo permite, habemos de participar algúns dos escritores deste blogue. E non só en corpo.
Esta é unha nova versión do poema que publiquei no número 2 da Saudade, en 2002:
Mas ó coração, guerreiro da dor, se não sofresses mais
como te acudiria o socorro das lágrimas?
Ibn ‘Ammār
Diz a sabedoria antiga
que a morte digna nasce da guerra
na conquista do dourado palácio
que noutro tempo habitávamos.
Agora a casa tornou-se escura
e nós somos árvores mortas
sobre um chão de mármore calcinado e poeirento.
A morte digna nasce da guerra
por voltarmos a possuir aquelas alfaias perdidas
nos incêndios da cidade, no seu corpo tecnológico,
soterrados por uma oculta
programação sentimental.
Somos falsos cadáveres,
corpos errantes que regressam medonhos
para a infância
em lugar de avançarem para a morte.
Somos velhos com enfeites de menino
e indizíveis saudades da coroa
que sustínhamos outrora
poderosamente
como um farol eterno a iluminar as águas.
3 thoughts on “Nº 8 da “Saudade, revista de poesia””
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Abraço para o amigo Óscar. Seja benvindo a O levantador. Junto seu blogue já às minhas referências.
Caro Alfredo, e o cadáver ou antes o nosso Gólem, ainda anda pela rede, mobilizando os espíritos por onde passa. Abraços daqui, de Lisboa.
Bos días. Agradezo moito á súa referencia e aviso no meu blog. Xa recibín o número. António José Queirós é un home coma poucos, de moita sabedoría e humanidade. GRAZAS, levantador!! Bicos 😉