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  • Galiza, Espanha, Europa

Pax iberica

“Jesus disse:
Sem dúvida, os homens pensam
que vim lançar a paz sobre o mundo,
e não sabem
que vim lançar divisões sobre a terra,
fogo, espada, guerra.
Porque haverá cinco numa casa
e três estarão contra dous,
e dous contra três,
o pai contra o filho,
o filho contra o pai,
e manter-se-ão de pé, enquanto são unificados.”

Evangelho Gnóstico de São Tomé,
utilizado polos priscilianistas galegos.

Com duplo sentido titulo este texto, ao meio da presente polémica, aliás recorrente na história de Espanha e Portugal (ou seja da Hespanha, nome geográfico sinónimo da Ibéria até à idade moderna). Porque agora, como dantes, a guerra volta a ser entre as gentes deste urdume singular que os romanos chamaram assim, creio que por querer dizer Terra de Coelhos, ou qualquer cousa semelhante, que até isso parece muito discutido.

Ponha paz então, se algum poder tiver, minha mão, entre os insignes professores e escritores de quem eu tanto aprendi e o não menos ilustre José Saramago, que foste a Canárias por paz e saramagos te deram. Ponha paz, se alguém valorar o sentido da paz ainda, se alguém depois e ao meio de tantas guerras lembrar ainda que tão-só na paz se faz a cultura. E uma vez que o silêncio de canhões tão dignamente indignados reinar, por um momento talvez possamos escuitar que aqui ninguém, ao meu juízo, está a dizer qualquer barbaridade; mas todos, acho humildemente, estão parcialmente desinformados e, ouso julgar, polo menos parcialmente, bem-intencionados.

Quando no ano 1990 José Saramago tivo, humilde e amavelmente, a generosidade de conceder-nos a entrevista agora re-publicada pol’O Levantador de Minas, os três estudantes que a realizámos (Iolanda Aldrei, cuja correspondência epistolar com o escritor propiciou o encontro, Ângelo Brea e quem isto escreve) tivemos a ocasião de apercebermo-nos de que com respeito aos temas da Galiza o José Saramago tinha uma proximidade riscada de interesse e afecto, cumplicidade e, ao mesmo tempo, as lógicas lacunas dos intelectuais portugueses que em tal mérito incorrem. Aliás, o Saramago, conquanto se pronunciava em favor da soberania galega, insinuava que não era a sua vocação colocar-se em nenhum bando nas nossas guerras, precisamente por respeito à soberania dos próprios galegos. Creio sinceramente que ninguém deveria acusá-lo de traidor perante tal neutralidade, porquanto o Nóbel português não poupa esforços nem tem cancelas no falar, do meu ponto de vista, dos assuntos em que realmente se considera informado e envolvido.

Simplesmente, creio com humildade, o José Saramago não responde às expectativas sobre ele colocadas por diferentes grupos. Não obstante, e para além do que de boutade puder ter o seu comentário, e eu (ao contrário do que certo escritor galego) não acho que de brincadeira tiver tanto, e mesmo para além de quanto de ingenuidade ou de imperícia se puder registar no seu depoimento, o escritor ibérico formula um repto, do qual, polo menos, convém falar, e convém falar serenamente. O repto que enfrentamos perante o final de um ciclo: o dos nacionalismos. Sobretudo na península: o final do nacionalismo hispano-centralista, o final das concepções dezenovescas nos nacionalismos hispano-periféricos e, por que não, o final do nacionalismo português. É digno de um ensaio sobre a cegueira converter o instrumento em fim, e instrumentos, afinal temporais, são as nossas formas de estar no mundo, as nossas diferentes formas, nossas cascas afinal tão queridas. E resulta, claro, doloroso que alguém formule, que alguém insinue, que afinal podem ser abandonadas se na verdade convier, lenta e cuidadosamente, com o dó de rigor, mas sem maior apego.

Para surgir uma outra forma, filha do que fomos, valiosa e viva. Filha consciente do melhor de nós: de Dom Dinis e de Pedro Eanes Solaz, de Afonso, o Sábio, e de Averróis, de Ibn Arabi de Múrcia, de Camões, de Miguel de Cervantes, de Valle-Inclán, de Pedro Teixeira de Pascoaes. De Castelão.

Uma nova veste, assimesmo com data de caducidade, que servirá melhor às exigências de uma re-edição global das políticas orientadas à justiça social e ao crescimento sustentável.

É nesta realidade e ante estes reptos que devemos trabalhar coordenadamente. De início, no actual contexto de uma soberania partilhada entre todos os estados e, paulatinamente, nacionalidades da União Europeia. Num novo terreno, o da correcção do conceito de independência com o da interdependência, que juridicamente significa confederalismo. E, comoquer que o confederalismo admite federações interiores, numa correcta tradução em termos ibéricos desta doutrina, quis o galeguismo histórico propor que esta se desse entre os povos ibéricos, se tal federação servisse ao mútuo progresso. E aí é que estão as verdadeiras questões, seria positiva tal união para o progresso cultural e económico dos povos hispânicos? E, no contexto internacional, fortaleceria a situação de Portugal e de Espanha? Em termos internos da Espanha actual, não colaboraria a rematar o processo federalizador e a produzir uma maior coesão entre as nacionalidades, assente num clarificado státus de interdependência?

Examinemos agora a proposta no âmbito extra-comunitário. Com o escritor e economista José Luis Sampedro, e muitos outros, estou em que a globalização é necessária e inevitável, mas que deve ser acompanhada de mudanças políticas no sentido de uma maior coordenação entre os estados, bem como no de uma crescente submissão a organizações supra-estatais, munidas de uma estrutura democrática, que hão-de ser as únicas capazes de preencher o vácuo de poder em que vivemos, conseqüência do actual processo globalizador. Vácuo de poder que permite deslocalizações sem travas, compra de países, precariedade laboral e produção insustentável e anti-ecológica, entre outros males.

Para além disso, e num âmbito intermédio, está o especial, o único, papel que nas circunstâncias presentes podem desempenhar Portugal e Espanha, actuando conjuntamente, no contexto da próxima União Mediterrânea. Não há nenhum povo na Europa, se me permitirem a taxatividade, a não ser o ibérico, com melhor posição de partida face ao relacionamento com o mundo mediterrâneo islâmico e judeu. As nossas razões culturais e geopolíticas são já tópicas. Não obstante, o presidente da França já antecipou a iniciativa, armado de uma grandeur que aqui qualitativamente podíamos superar, de tomarmos consciência da nossa capacidade.

Se Saramago tivo de ser o involuntário profeta, tão-só deixai-me pedir, creio que por justiça e por economia energética, paz; cesse a inevitável chuva de pedras que os profetas involuntários invariavelmente acarretam. Será melhor assim, ao abrigo de desqualificações pessoais, porque um ataque ad hominem, se é que alguém se vir tão livre de pecado como para lançar a primeira pedra, desacredita fundamentalmente a quem o pratica. Será melhor mesmo porque os opostos, como dizia Cristo no evangelho citado, e repetia o sarraceno hespanhol Ibn Arabi, constroem quase sempre juntos, embora não sejam conscientes. E mesmo porque Saramago não é um profeta verdadeiro: apenas anuncia o que já está a cumprir-se.

Haja paz e trabalhemos para que o melhor dos futuros se desenvolva.

Pedro Casteleiro.

60 thoughts on “Pax iberica

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      Escrito por:
      (Ayres Guerra Azancot de Menezes)
      é um testemunho muito importante para a verdade histórica .
      Não é fácil realizar uma pesquisa desta envergadura.
      Não podemos deixar de apontar um certo subjectivismo pró -VIRIATO da parte do DR Edmundo Rocha por ter sido seu admirador real e fã e ter absorvido bons exemplos e ensinamentos.
      É um testemunho que terá cada vez mais valor pela pessoa do Viriato pela e coragem do DR Edmundo Rocha em ter reconstituído parte da trajectória desta figura impar do nacionalismo Angolano.
      A subjectividade por parte é redutora de certos realismos e declara ao longo desta exposição correntes ideológicas incompatíveis cujos contornos poderiam não ser reflexo de melhor visão estratégica para a o futuro do partido.
      Ainda é muito cedo e a medida que os anos vão passando os fatalismos têm que ser bem ponderados.
      Os subjectivismos aliados a jogos de poder condicionam muito as abordagens.
      Os favoritismos políticos aliados a certas compensações de carácter literário muitas vezes denunciam jogos de contra poder que podem ser ajustados com o tempo.
      O maior ou menor contributo histórico deve resultar de perspectivas honestas. Só
      Com o tempo e a confrontação de percursos dinâmicos de cada interveniente deste patamar se poderá postular sobre grandes teses.
      A desonestidade aliada a recursos alternativos de sucesso bibliográficos e alianças ,muitas vezes desvirtuam o verdadeiro carácter da honestidade histográfica.
      O ideal não será ajudar ou travar o percurso histórico dos correligionários para projectar livremente certas obras,mas sim permitir uma maior confrontação para enrriquecer e fortalecer o projecto comum.
      Desejando que outros livros ou memórias sejam rapidamente e honestamente publicadas ,e que várias perspectivas sejam abordada para se poderem destrinçar também factores de ordem psico -sociais dos vários intervenientes.

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      Escrito por:
      (Ayres Guerra Azancot de Menezes)
      é um testemunho muito importante para a verdade histórica .
      Não é fácil realizar uma pesquisa desta envergadura.
      Não podemos deixar de apontar um certo subjectivismo pró -VIRIATO da parte do DR Edmundo Rocha por ter sido seu admirador real e fã e ter absorvido bons exemplos e ensinamentos.
      É um testemunho que terá cada vez mais valor pela pessoa do Viriato pela e coragem do DR Edmundo Rocha em ter reconstituído parte da trajectória desta figura impar do nacionalismo Angolano.
      A subjectividade por parte é redutora de certos realismos e declara ao longo desta exposição correntes ideológicas incompatíveis cujos contornos poderiam não ser reflexo de melhor visão estratégica para a o futuro do partido.
      Ainda é muito cedo e a medida que os anos vão passando os fatalismos têm que ser bem ponderados.
      Os subjectivismos aliados a jogos de poder condicionam muito as abordagens.
      Os favoritismos políticos aliados a certas compensações de carácter literário muitas vezes denunciam jogos de contra poder que podem ser ajustados com o tempo.
      O maior ou menor contributo histórico deve resultar de perspectivas honestas. Só
      Com o tempo e a confrontação de percursos dinâmicos de cada interveniente deste patamar se poderá postular sobre grandes teses.
      A desonestidade aliada a recursos alternativos de sucesso bibliográficos e alianças ,muitas vezes desvirtuam o verdadeiro carácter da honestidade histográfica.
      O ideal não será ajudar ou travar o percurso histórico dos correligionários para projectar livremente certas obras,mas sim permitir uma maior confrontação para enrriquecer e fortalecer o projecto comum.
      Desejando que outros livros ou memórias sejam rapidamente e honestamente publicadas ,e que várias perspectivas sejam abordada para se poderem destrinçar também factores de ordem psico -sociais dos vários intervenientes.

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      (Ayres Guerra Azancot de Menezes)
      é um testemunho muito importante para a verdade histórica .
      Não é fácil realizar uma pesquisa desta envergadura.
      Não podemos deixar de apontar um certo subjectivismo pró -VIRIATO da parte do DR Edmundo Rocha por ter sido seu admirador real e fã e ter absorvido bons exemplos e ensinamentos.
      É um testemunho que terá cada vez mais valor pela pessoa do Viriato pela e coragem do DR Edmundo Rocha em ter reconstituído parte da trajectória desta figura impar do nacionalismo Angolano.
      A subjectividade por parte é redutora de certos realismos e declara ao longo desta exposição correntes ideológicas incompatíveis cujos contornos poderiam não ser reflexo de melhor visão estratégica para a o futuro do partido.
      Ainda é muito cedo e a medida que os anos vão passando os fatalismos têm que ser bem ponderados.
      Os subjectivismos aliados a jogos de poder condicionam muito as abordagens.
      Os favoritismos políticos aliados a certas compensações de carácter literário muitas vezes denunciam jogos de contra poder que podem ser ajustados com o tempo.
      O maior ou menor contributo histórico deve resultar de perspectivas honestas. Só
      Com o tempo e a confrontação de percursos dinâmicos de cada interveniente deste patamar se poderá postular sobre grandes teses.
      A desonestidade aliada a recursos alternativos de sucesso bibliográficos e alianças ,muitas vezes desvirtuam o verdadeiro carácter da honestidade histográfica.
      O ideal não será ajudar ou travar o percurso histórico dos correligionários para projectar livremente certas obras,mas sim permitir uma maior confrontação para enrriquecer e fortalecer o projecto comum.
      Desejando que outros livros ou memórias sejam rapidamente e honestamente publicadas ,e que várias perspectivas sejam abordada para se poderem destrinçar também factores de ordem psico -sociais dos vários intervenientes.

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      (Ayres Guerra Azancot de Menezes)
      é um testemunho muito importante para a verdade histórica .
      Não é fácil realizar uma pesquisa desta envergadura.
      Não podemos deixar de apontar um certo subjectivismo pró -VIRIATO da parte do DR Edmundo Rocha por ter sido seu admirador real e fã e ter absorvido bons exemplos e ensinamentos.
      É um testemunho que terá cada vez mais valor pela pessoa do Viriato pela e coragem do DR Edmundo Rocha em ter reconstituído parte da trajectória desta figura impar do nacionalismo Angolano.
      A subjectividade por parte é redutora de certos realismos e declara ao longo desta exposição correntes ideológicas incompatíveis cujos contornos poderiam não ser reflexo de melhor visão estratégica para a o futuro do partido.
      Ainda é muito cedo e a medida que os anos vão passando os fatalismos têm que ser bem ponderados.
      Os subjectivismos aliados a jogos de poder condicionam muito as abordagens.
      Os favoritismos políticos aliados a certas compensações de carácter literário muitas vezes denunciam jogos de contra poder que podem ser ajustados com o tempo.
      O maior ou menor contributo histórico deve resultar de perspectivas honestas. Só
      Com o tempo e a confrontação de percursos dinâmicos de cada interveniente deste patamar se poderá postular sobre grandes teses.
      A desonestidade aliada a recursos alternativos de sucesso bibliográficos e alianças ,muitas vezes desvirtuam o verdadeiro carácter da honestidade histográfica.
      O ideal não será ajudar ou travar o percurso histórico dos correligionários para projectar livremente certas obras,mas sim permitir uma maior confrontação para enrriquecer e fortalecer o projecto comum.
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      A formalização do MLSTP COMO MOVIMENTO QUE INICIALMENTE SE INTITULAVA CLSTP FOI MUITA MAL EXPLICADA E HISTORICAMENTE FALSEADA.
      Toda esta estratègia foi programada a partir do Ghana Pelo Dr Hugo de Menezes, Dr Tomas Medeiros Dr Guadalupe de Ceita e Onet pires e existia um plano que foi desvirtuado e executado por um outro grupo que apossou-se da sua paternidade.
      Pois o Dr Tomas Medeiros e outros intelectuais têm outras versões mais coerentes e testemunhos escritos que em breve sairão para desvendar as mentiras da historia.

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      A formalização do MLSTP COMO MOVIMENTO QUE INICIALMENTE SE INTITULAVA CLSTP FOI MUITA MAL EXPLICADA E HISTORICAMENTE FALSEADA.
      Toda esta estratègia foi programada a partir do Ghana Pelo Dr Hugo de Menezes, Dr Tomas Medeiros Dr Guadalupe de Ceita e Onet pires e existia um plano que foi desvirtuado e executado por um outro grupo que apossou-se da sua paternidade.
      Pois o Dr Tomas Medeiros e outros intelectuais têm outras versões mais coerentes e testemunhos escritos que em breve sairão para desvendar as mentiras da historia.

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      Toda esta estratègia foi programada a partir do Ghana Pelo Dr Hugo de Menezes, Dr Tomas Medeiros Dr Guadalupe de Ceita e Onet pires e existia um plano que foi desvirtuado e executado por um outro grupo que apossou-se da sua paternidade.
      Pois o Dr Tomas Medeiros e outros intelectuais têm outras versões mais coerentes e testemunhos escritos que em breve sairão para desvendar as mentiras da historia.

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      A formalização do MLSTP COMO MOVIMENTO QUE INICIALMENTE SE INTITULAVA CLSTP FOI MUITA MAL EXPLICADA E HISTORICAMENTE FALSEADA.
      Toda esta estratègia foi programada a partir do Ghana Pelo Dr Hugo de Menezes, Dr Tomas Medeiros Dr Guadalupe de Ceita e Onet pires e existia um plano que foi desvirtuado e executado por um outro grupo que apossou-se da sua paternidade.
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      REPERCUSSÃO DO JORNAL FAULHA E SUA DIVULGAÇÃO; JORNAL CRIADO PELO DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES CUJO PRIMEIRO NÚMERO FOI RECEBIDO PELO POLÍTICO LUIS CABRAL ,IRMÃO DO AMILCAR CABRAL, TESTEMUNHANDO A RECEPÇÃO DO JORNAL COM O ENVIO DESTA MENSAGEM.

      LISN LISN 21/ SET/ 65

      WK32 CKFTNR 9 CTTNAKRY 32 22

      1010 TFC =

      LT THE SPARK PUBLICATIONS PORTUEUSE VERS ION POBOX

      M171 ACCRA =

      VOUS ADRESSONS FELICITATIONS CHALEUREUSES MOTI F PARUATION

      PREMIER NUMERO FAULHA STOP POUVEZ COMPTER NOTRE COLLABORATION

      FA TERNELLE SERVICE L IQUIDATION URGENTE COLONIALISME

      PORTUGAIS FRATERNELLEMET =

      LUIZ CABRAL +

      COLL M171 +

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      COMITÉE DE LIBERTAÇÃO DE S. TOMÉ E PRINCIPE
      (C.L.S.T,P.)

      COMITÉ DE LIBERTATION DE SAN THOME COMMITTEE TO LIBERTATION OF
      ET PRINCIPE. SAINT THOMAS AND PRINCIPE.

      B.P. 489
      LIBREVILLE
      8/4/62

      CARO HUGO

      Recebi ontem o teu telegrama que nos deixou um pouco confusos.

      No entanto agimos imediatamente no sentido de partir o mais depressa possível, “ mesmo sem croas”.
      A minha deslocação neste momento é de todo impossível. Penso que imensas coisas se passam em Leopoldina e no mundo, coisas que, em consequência das limitações materiais e condicionalismo político aqui, temos ignorado quase por completo.
      A malta de resto, pôr te a ao corrente. Creio e temos de encarar outra saída . Não sei quando poderei passar por aí, mas sinto que é necessário.
      Peço-te e a malta que dêem ao Onet e ao Carlos ajuda se alguma dificuldade surgir ,no plano político, pois que no plano económico eles necessitarão indubitavelmente.
      Com muitas dificuldades ,conseguimos obter passagens, mas acontece que o Onet deve seguir, de preferência, directamente para Lagos. Se vos for possível cobrir a diferença entre Brazzaville – Lagos e Brazzaville – Libreville, seria óptimo .
      Cá por casa ,tudo mais ou menos bem , além da escassez de massas, devido ao custo ,incrivelmente alto de vida.

      Já cá temos o D. Mikas ( Suiny- Patrice….. Trovoada)

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      Recebi ontem o teu telegrama que nos deixou um pouco confusos.

      No entanto agimos imediatamente no sentido de partir o mais depressa possível, “ mesmo sem croas”.
      A minha deslocação neste momento é de todo impossível. Penso que imensas coisas se passam em Leopoldina e no mundo, coisas que, em consequência das limitações materiais e condicionalismo político aqui, temos ignorado quase por completo.
      A malta de resto, pôr te a ao corrente. Creio e temos de encarar outra saída . Não sei quando poderei passar por aí, mas sinto que é necessário.
      Peço-te e a malta que dêem ao Onet e ao Carlos ajuda se alguma dificuldade surgir ,no plano político, pois que no plano económico eles necessitarão indubitavelmente.
      Com muitas dificuldades ,conseguimos obter passagens, mas acontece que o Onet deve seguir, de preferência, directamente para Lagos. Se vos for possível cobrir a diferença entre Brazzaville – Lagos e Brazzaville – Libreville, seria óptimo .
      Cá por casa ,tudo mais ou menos bem , além da escassez de massas, devido ao custo ,incrivelmente alto de vida.

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      No entanto agimos imediatamente no sentido de partir o mais depressa possível, “ mesmo sem croas”.
      A minha deslocação neste momento é de todo impossível. Penso que imensas coisas se passam em Leopoldina e no mundo, coisas que, em consequência das limitações materiais e condicionalismo político aqui, temos ignorado quase por completo.
      A malta de resto, pôr te a ao corrente. Creio e temos de encarar outra saída . Não sei quando poderei passar por aí, mas sinto que é necessário.
      Peço-te e a malta que dêem ao Onet e ao Carlos ajuda se alguma dificuldade surgir ,no plano político, pois que no plano económico eles necessitarão indubitavelmente.
      Com muitas dificuldades ,conseguimos obter passagens, mas acontece que o Onet deve seguir, de preferência, directamente para Lagos. Se vos for possível cobrir a diferença entre Brazzaville – Lagos e Brazzaville – Libreville, seria óptimo .
      Cá por casa ,tudo mais ou menos bem , além da escassez de massas, devido ao custo ,incrivelmente alto de vida.

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      Recebi ontem o teu telegrama que nos deixou um pouco confusos.

      No entanto agimos imediatamente no sentido de partir o mais depressa possível, “ mesmo sem croas”.
      A minha deslocação neste momento é de todo impossível. Penso que imensas coisas se passam em Leopoldina e no mundo, coisas que, em consequência das limitações materiais e condicionalismo político aqui, temos ignorado quase por completo.
      A malta de resto, pôr te a ao corrente. Creio e temos de encarar outra saída . Não sei quando poderei passar por aí, mas sinto que é necessário.
      Peço-te e a malta que dêem ao Onet e ao Carlos ajuda se alguma dificuldade surgir ,no plano político, pois que no plano económico eles necessitarão indubitavelmente.
      Com muitas dificuldades ,conseguimos obter passagens, mas acontece que o Onet deve seguir, de preferência, directamente para Lagos. Se vos for possível cobrir a diferença entre Brazzaville – Lagos e Brazzaville – Libreville, seria óptimo .
      Cá por casa ,tudo mais ou menos bem , além da escassez de massas, devido ao custo ,incrivelmente alto de vida.

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      UMA CRÍTICA MUITO DURA AOS MÉTODOS DO MPLA

      Ao saber da conversa ocorrida em Acra (Ghana), Lúcio Lara reagiu: « Os cubanos falam de mais»

      HUGO AZANCOT DE MENEZES

      Longe de mim a pretensão de ter feito história ou de escrevê-la.
      Contudo, vivi factos que envolvem, também , outros protagonistas.
      Alguns, figuras ilustres. Outros, gente humilde, sem nome e sem história, relacionados, apesar de tudo, com períodos inolvidáveis das nossas vidas.
      Alguns destes factos , ainda que de fraca relevância, podem ter interesse, como « entrelinhas da História», para ajudar a compreender situações controversas.
      Conheci Ernesto Che Guevara em Acra , em 1964, e comprometi – me a não publicar alguns temas abordados na entrevista que tive o privilégio de lhe fazer como « repórter» do jornal Faúlha.

      Já se passaram mais de 30 anos. O contexto actual é outro.
      Pela primeira vez os revelo, na certeza de que já não é o quebrar de um compromisso, nem a profanação de uma imagem que no
      A entrevista realizou-se na residência do embaixador de Cuba em Acra , Armando Entralgo González, que nos distinguiu com a sua presença.
      Ali estava Che…
      A sua tez muito pálida contrastava com o verde – escuro da farda.
      As botas negras, impecavelmente limpas.
      Encontrei-o em plena crise de asma, Socorria – se , amiúde, de uma bomba de borracha.
      Che Guevara , deus dos ateus, dos espoliados e dos explorados do terceiro mundo, deus da guerrilha, tinha na mão uma bomba, não para destruir mas para se tratar… de falta de ar. Aspirava as bombadas, dando sempre mostras de um grande auto -domínio.
      Fora-me solicitado que submetesse o questionário à sua prévia apreciação – e assim o fiz.
      Uma das questões dizia respeito à cultura da cana – de – açúcar em Cuba.
      Como encarava ele a aparente contradição de combater teoricamente a monocultura – apanágio dos sistemas de exploração colonial e tão típica dos sistemas de exploração colonial e tão típica do subdesenvolvimento – ao mesmo tempo que fomentava, ao extremo, a cultura da cana e a produção de açúcar – mono -produto de que Cuba se tornaria, afinal, cada vez mais dependente?
      Outro tema que nos preocupava, a nós , africanos, era o papel dos cidadãos cubanos de origem africana na revolução cubana e a fraca representação deles nos órgãos de direcção dos país e do partido, os quais tinham proscrito qualquer discriminação racial.
      Não constituiria o comandante Juan D´Almeida – único afro – cubano na direcção do partido – uma excepção?
      Entretanto, a crise de asma agudizava-se , o que nem a mim me dava o à – vontade requerido nem, obviamente, ao meu interlocutor a disposição necessária para o diálogo.
      Insistiu para que eu o iniciasse. Ao responder – lhe que não me sentia á vontade para fazê-lo, em virtude de seu estado, disse – me em tom provocante e com certa ironia :« Vejo que você é um jornalista muito tímido.»

      No mesmo tom lhe respondi, que não me tinha pronunciado como jornalista, mas como médico .« Comandante, as suas condições não lhe permitem dar qualquer entrevista», disse-lhe eu.
      Olhando-me , meio surpreso e sempre irónico, replicou: « Companheiro, eu não falo como doente, também falo como médico.
      Em meu entender, estou em condições de dar a entrevista.»
      Mas a crise de asma não melhorava, tornando impossível o diálogo. Foi necessário adiá-lo.
      Reencontrámo-nos dias depois. Estava, então, quase eufórico. Referindo-se á atitude dos cidadãos cubanos de origem africana, à sua fraca participação na revolução, disse não gostar de se referir á origem ou à raça dos homens.
      Apenas à espécie humana, a cidadãos, a companheiros.
      Manifestei-lhe a minha total concordância. «A verdade », disse-lhe eu, «é que a revolução cubana tinha suscitado em todos nós , africanos, uma enorme expectativa, muita esperança, pois que, pela primeira vez, assistia-mos a um processo revolucionário de cariz marxista, num país subdesenvolvido e eis – colonial , tendo, lado a lado, cidadãos de origem europeia e africana, e onde a discriminação racial tinha sido, e ainda era, tão notório.»
      Cuba seria pois, para nós, africanos, um teste. Seguíamos atentamente a sua evolução e queríamos ver como seria resolvido este problema.
      Muitos, em África, mostravam-se cépticos. Mais do que interesse, da nossa parte existia ansiedade.
      Segundo Che Guevara , a população de origem africana, a principio, não participava no processo. Via-o com uma certa indiferença, como mais uma luta…
      «deles». Mas a desconfiança estava a desaparecer, era cada vez maior a adesão, á medida que iam constatando que este processo era totalmente diferente daqueles que o precederam. Que era um processo para todos.
      Che Guevara acabava de chegar do Congo – Brazzaville.Visitara as bases do MPLA em Cabinda (de facto, na zona fronteiriça Congo/ Brazzaville /Cabinda) .
      Pedi – lhe que me desse as impressões da sua visita. Che não era um diplomata, mas um guerrilheiro, e foi directamente à questão:
      « O MPLA tem ao seu dispor condições de luta excepcionais.
      Quem nos dera a nós que, durante a guerrilha, em Cuba, tivéssemos algo comparável. Mas estas condições não estão a ser devidamente aproveitadas, exploradas …
      O MPLA não luta, não procura o inimigo , não ataca…
      O inimigo deve ser procurado, deve ser fustigado, deve ser perseguido, mesmo no banho. Agostinho Neto está a utilizar a luta armada apenas como mero instrumento de pressão política.»
      Dei parte da conversa a Agostinho Neto. Não reagiu. Tal como a Lúcio Lara, que me respondeu:
      « Os cubanos falam demais.»
      Mas Che falava verdade. Durante vários anos, na minha qualidade de responsável dos serviços de assistência médica da 2º região político – militar do MPLA (Cabinda ) , fui disso testemunha a cada passo.
      Aí e assim , como contestação a esta e outras situações idênticas, surgiria dentro do movimento, antes de Abril de 1974, a Revolta Activa.

      Hugo José Azancot de Menezes foi médico. Foi um dos fundadores do MPLA

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      UMA CRÍTICA MUITO DURA AOS MÉTODOS DO MPLA

      Ao saber da conversa ocorrida em Acra (Ghana), Lúcio Lara reagiu: « Os cubanos falam de mais»

      HUGO AZANCOT DE MENEZES

      Longe de mim a pretensão de ter feito história ou de escrevê-la.
      Contudo, vivi factos que envolvem, também , outros protagonistas.
      Alguns, figuras ilustres. Outros, gente humilde, sem nome e sem história, relacionados, apesar de tudo, com períodos inolvidáveis das nossas vidas.
      Alguns destes factos , ainda que de fraca relevância, podem ter interesse, como « entrelinhas da História», para ajudar a compreender situações controversas.
      Conheci Ernesto Che Guevara em Acra , em 1964, e comprometi – me a não publicar alguns temas abordados na entrevista que tive o privilégio de lhe fazer como « repórter» do jornal Faúlha.

      Já se passaram mais de 30 anos. O contexto actual é outro.
      Pela primeira vez os revelo, na certeza de que já não é o quebrar de um compromisso, nem a profanação de uma imagem que no
      A entrevista realizou-se na residência do embaixador de Cuba em Acra , Armando Entralgo González, que nos distinguiu com a sua presença.
      Ali estava Che…
      A sua tez muito pálida contrastava com o verde – escuro da farda.
      As botas negras, impecavelmente limpas.
      Encontrei-o em plena crise de asma, Socorria – se , amiúde, de uma bomba de borracha.
      Che Guevara , deus dos ateus, dos espoliados e dos explorados do terceiro mundo, deus da guerrilha, tinha na mão uma bomba, não para destruir mas para se tratar… de falta de ar. Aspirava as bombadas, dando sempre mostras de um grande auto -domínio.
      Fora-me solicitado que submetesse o questionário à sua prévia apreciação – e assim o fiz.
      Uma das questões dizia respeito à cultura da cana – de – açúcar em Cuba.
      Como encarava ele a aparente contradição de combater teoricamente a monocultura – apanágio dos sistemas de exploração colonial e tão típica dos sistemas de exploração colonial e tão típica do subdesenvolvimento – ao mesmo tempo que fomentava, ao extremo, a cultura da cana e a produção de açúcar – mono -produto de que Cuba se tornaria, afinal, cada vez mais dependente?
      Outro tema que nos preocupava, a nós , africanos, era o papel dos cidadãos cubanos de origem africana na revolução cubana e a fraca representação deles nos órgãos de direcção dos país e do partido, os quais tinham proscrito qualquer discriminação racial.
      Não constituiria o comandante Juan D´Almeida – único afro – cubano na direcção do partido – uma excepção?
      Entretanto, a crise de asma agudizava-se , o que nem a mim me dava o à – vontade requerido nem, obviamente, ao meu interlocutor a disposição necessária para o diálogo.
      Insistiu para que eu o iniciasse. Ao responder – lhe que não me sentia á vontade para fazê-lo, em virtude de seu estado, disse – me em tom provocante e com certa ironia :« Vejo que você é um jornalista muito tímido.»

      No mesmo tom lhe respondi, que não me tinha pronunciado como jornalista, mas como médico .« Comandante, as suas condições não lhe permitem dar qualquer entrevista», disse-lhe eu.
      Olhando-me , meio surpreso e sempre irónico, replicou: « Companheiro, eu não falo como doente, também falo como médico.
      Em meu entender, estou em condições de dar a entrevista.»
      Mas a crise de asma não melhorava, tornando impossível o diálogo. Foi necessário adiá-lo.
      Reencontrámo-nos dias depois. Estava, então, quase eufórico. Referindo-se á atitude dos cidadãos cubanos de origem africana, à sua fraca participação na revolução, disse não gostar de se referir á origem ou à raça dos homens.
      Apenas à espécie humana, a cidadãos, a companheiros.
      Manifestei-lhe a minha total concordância. «A verdade », disse-lhe eu, «é que a revolução cubana tinha suscitado em todos nós , africanos, uma enorme expectativa, muita esperança, pois que, pela primeira vez, assistia-mos a um processo revolucionário de cariz marxista, num país subdesenvolvido e eis – colonial , tendo, lado a lado, cidadãos de origem europeia e africana, e onde a discriminação racial tinha sido, e ainda era, tão notório.»
      Cuba seria pois, para nós, africanos, um teste. Seguíamos atentamente a sua evolução e queríamos ver como seria resolvido este problema.
      Muitos, em África, mostravam-se cépticos. Mais do que interesse, da nossa parte existia ansiedade.
      Segundo Che Guevara , a população de origem africana, a principio, não participava no processo. Via-o com uma certa indiferença, como mais uma luta…
      «deles». Mas a desconfiança estava a desaparecer, era cada vez maior a adesão, á medida que iam constatando que este processo era totalmente diferente daqueles que o precederam. Que era um processo para todos.
      Che Guevara acabava de chegar do Congo – Brazzaville.Visitara as bases do MPLA em Cabinda (de facto, na zona fronteiriça Congo/ Brazzaville /Cabinda) .
      Pedi – lhe que me desse as impressões da sua visita. Che não era um diplomata, mas um guerrilheiro, e foi directamente à questão:
      « O MPLA tem ao seu dispor condições de luta excepcionais.
      Quem nos dera a nós que, durante a guerrilha, em Cuba, tivéssemos algo comparável. Mas estas condições não estão a ser devidamente aproveitadas, exploradas …
      O MPLA não luta, não procura o inimigo , não ataca…
      O inimigo deve ser procurado, deve ser fustigado, deve ser perseguido, mesmo no banho. Agostinho Neto está a utilizar a luta armada apenas como mero instrumento de pressão política.»
      Dei parte da conversa a Agostinho Neto. Não reagiu. Tal como a Lúcio Lara, que me respondeu:
      « Os cubanos falam demais.»
      Mas Che falava verdade. Durante vários anos, na minha qualidade de responsável dos serviços de assistência médica da 2º região político – militar do MPLA (Cabinda ) , fui disso testemunha a cada passo.
      Aí e assim , como contestação a esta e outras situações idênticas, surgiria dentro do movimento, antes de Abril de 1974, a Revolta Activa.

      Hugo José Azancot de Menezes foi médico. Foi um dos fundadores do MPLA

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      UMA CRÍTICA MUITO DURA AOS MÉTODOS DO MPLA

      Ao saber da conversa ocorrida em Acra (Ghana), Lúcio Lara reagiu: « Os cubanos falam de mais»

      HUGO AZANCOT DE MENEZES

      Longe de mim a pretensão de ter feito história ou de escrevê-la.
      Contudo, vivi factos que envolvem, também , outros protagonistas.
      Alguns, figuras ilustres. Outros, gente humilde, sem nome e sem história, relacionados, apesar de tudo, com períodos inolvidáveis das nossas vidas.
      Alguns destes factos , ainda que de fraca relevância, podem ter interesse, como « entrelinhas da História», para ajudar a compreender situações controversas.
      Conheci Ernesto Che Guevara em Acra , em 1964, e comprometi – me a não publicar alguns temas abordados na entrevista que tive o privilégio de lhe fazer como « repórter» do jornal Faúlha.

      Já se passaram mais de 30 anos. O contexto actual é outro.
      Pela primeira vez os revelo, na certeza de que já não é o quebrar de um compromisso, nem a profanação de uma imagem que no
      A entrevista realizou-se na residência do embaixador de Cuba em Acra , Armando Entralgo González, que nos distinguiu com a sua presença.
      Ali estava Che…
      A sua tez muito pálida contrastava com o verde – escuro da farda.
      As botas negras, impecavelmente limpas.
      Encontrei-o em plena crise de asma, Socorria – se , amiúde, de uma bomba de borracha.
      Che Guevara , deus dos ateus, dos espoliados e dos explorados do terceiro mundo, deus da guerrilha, tinha na mão uma bomba, não para destruir mas para se tratar… de falta de ar. Aspirava as bombadas, dando sempre mostras de um grande auto -domínio.
      Fora-me solicitado que submetesse o questionário à sua prévia apreciação – e assim o fiz.
      Uma das questões dizia respeito à cultura da cana – de – açúcar em Cuba.
      Como encarava ele a aparente contradição de combater teoricamente a monocultura – apanágio dos sistemas de exploração colonial e tão típica dos sistemas de exploração colonial e tão típica do subdesenvolvimento – ao mesmo tempo que fomentava, ao extremo, a cultura da cana e a produção de açúcar – mono -produto de que Cuba se tornaria, afinal, cada vez mais dependente?
      Outro tema que nos preocupava, a nós , africanos, era o papel dos cidadãos cubanos de origem africana na revolução cubana e a fraca representação deles nos órgãos de direcção dos país e do partido, os quais tinham proscrito qualquer discriminação racial.
      Não constituiria o comandante Juan D´Almeida – único afro – cubano na direcção do partido – uma excepção?
      Entretanto, a crise de asma agudizava-se , o que nem a mim me dava o à – vontade requerido nem, obviamente, ao meu interlocutor a disposição necessária para o diálogo.
      Insistiu para que eu o iniciasse. Ao responder – lhe que não me sentia á vontade para fazê-lo, em virtude de seu estado, disse – me em tom provocante e com certa ironia :« Vejo que você é um jornalista muito tímido.»

      No mesmo tom lhe respondi, que não me tinha pronunciado como jornalista, mas como médico .« Comandante, as suas condições não lhe permitem dar qualquer entrevista», disse-lhe eu.
      Olhando-me , meio surpreso e sempre irónico, replicou: « Companheiro, eu não falo como doente, também falo como médico.
      Em meu entender, estou em condições de dar a entrevista.»
      Mas a crise de asma não melhorava, tornando impossível o diálogo. Foi necessário adiá-lo.
      Reencontrámo-nos dias depois. Estava, então, quase eufórico. Referindo-se á atitude dos cidadãos cubanos de origem africana, à sua fraca participação na revolução, disse não gostar de se referir á origem ou à raça dos homens.
      Apenas à espécie humana, a cidadãos, a companheiros.
      Manifestei-lhe a minha total concordância. «A verdade », disse-lhe eu, «é que a revolução cubana tinha suscitado em todos nós , africanos, uma enorme expectativa, muita esperança, pois que, pela primeira vez, assistia-mos a um processo revolucionário de cariz marxista, num país subdesenvolvido e eis – colonial , tendo, lado a lado, cidadãos de origem europeia e africana, e onde a discriminação racial tinha sido, e ainda era, tão notório.»
      Cuba seria pois, para nós, africanos, um teste. Seguíamos atentamente a sua evolução e queríamos ver como seria resolvido este problema.
      Muitos, em África, mostravam-se cépticos. Mais do que interesse, da nossa parte existia ansiedade.
      Segundo Che Guevara , a população de origem africana, a principio, não participava no processo. Via-o com uma certa indiferença, como mais uma luta…
      «deles». Mas a desconfiança estava a desaparecer, era cada vez maior a adesão, á medida que iam constatando que este processo era totalmente diferente daqueles que o precederam. Que era um processo para todos.
      Che Guevara acabava de chegar do Congo – Brazzaville.Visitara as bases do MPLA em Cabinda (de facto, na zona fronteiriça Congo/ Brazzaville /Cabinda) .
      Pedi – lhe que me desse as impressões da sua visita. Che não era um diplomata, mas um guerrilheiro, e foi directamente à questão:
      « O MPLA tem ao seu dispor condições de luta excepcionais.
      Quem nos dera a nós que, durante a guerrilha, em Cuba, tivéssemos algo comparável. Mas estas condições não estão a ser devidamente aproveitadas, exploradas …
      O MPLA não luta, não procura o inimigo , não ataca…
      O inimigo deve ser procurado, deve ser fustigado, deve ser perseguido, mesmo no banho. Agostinho Neto está a utilizar a luta armada apenas como mero instrumento de pressão política.»
      Dei parte da conversa a Agostinho Neto. Não reagiu. Tal como a Lúcio Lara, que me respondeu:
      « Os cubanos falam demais.»
      Mas Che falava verdade. Durante vários anos, na minha qualidade de responsável dos serviços de assistência médica da 2º região político – militar do MPLA (Cabinda ) , fui disso testemunha a cada passo.
      Aí e assim , como contestação a esta e outras situações idênticas, surgiria dentro do movimento, antes de Abril de 1974, a Revolta Activa.

      Hugo José Azancot de Menezes foi médico. Foi um dos fundadores do MPLA

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      UMA CRÍTICA MUITO DURA AOS MÉTODOS DO MPLA

      Ao saber da conversa ocorrida em Acra (Ghana), Lúcio Lara reagiu: « Os cubanos falam de mais»

      HUGO AZANCOT DE MENEZES

      Longe de mim a pretensão de ter feito história ou de escrevê-la.
      Contudo, vivi factos que envolvem, também , outros protagonistas.
      Alguns, figuras ilustres. Outros, gente humilde, sem nome e sem história, relacionados, apesar de tudo, com períodos inolvidáveis das nossas vidas.
      Alguns destes factos , ainda que de fraca relevância, podem ter interesse, como « entrelinhas da História», para ajudar a compreender situações controversas.
      Conheci Ernesto Che Guevara em Acra , em 1964, e comprometi – me a não publicar alguns temas abordados na entrevista que tive o privilégio de lhe fazer como « repórter» do jornal Faúlha.

      Já se passaram mais de 30 anos. O contexto actual é outro.
      Pela primeira vez os revelo, na certeza de que já não é o quebrar de um compromisso, nem a profanação de uma imagem que no
      A entrevista realizou-se na residência do embaixador de Cuba em Acra , Armando Entralgo González, que nos distinguiu com a sua presença.
      Ali estava Che…
      A sua tez muito pálida contrastava com o verde – escuro da farda.
      As botas negras, impecavelmente limpas.
      Encontrei-o em plena crise de asma, Socorria – se , amiúde, de uma bomba de borracha.
      Che Guevara , deus dos ateus, dos espoliados e dos explorados do terceiro mundo, deus da guerrilha, tinha na mão uma bomba, não para destruir mas para se tratar… de falta de ar. Aspirava as bombadas, dando sempre mostras de um grande auto -domínio.
      Fora-me solicitado que submetesse o questionário à sua prévia apreciação – e assim o fiz.
      Uma das questões dizia respeito à cultura da cana – de – açúcar em Cuba.
      Como encarava ele a aparente contradição de combater teoricamente a monocultura – apanágio dos sistemas de exploração colonial e tão típica dos sistemas de exploração colonial e tão típica do subdesenvolvimento – ao mesmo tempo que fomentava, ao extremo, a cultura da cana e a produção de açúcar – mono -produto de que Cuba se tornaria, afinal, cada vez mais dependente?
      Outro tema que nos preocupava, a nós , africanos, era o papel dos cidadãos cubanos de origem africana na revolução cubana e a fraca representação deles nos órgãos de direcção dos país e do partido, os quais tinham proscrito qualquer discriminação racial.
      Não constituiria o comandante Juan D´Almeida – único afro – cubano na direcção do partido – uma excepção?
      Entretanto, a crise de asma agudizava-se , o que nem a mim me dava o à – vontade requerido nem, obviamente, ao meu interlocutor a disposição necessária para o diálogo.
      Insistiu para que eu o iniciasse. Ao responder – lhe que não me sentia á vontade para fazê-lo, em virtude de seu estado, disse – me em tom provocante e com certa ironia :« Vejo que você é um jornalista muito tímido.»

      No mesmo tom lhe respondi, que não me tinha pronunciado como jornalista, mas como médico .« Comandante, as suas condições não lhe permitem dar qualquer entrevista», disse-lhe eu.
      Olhando-me , meio surpreso e sempre irónico, replicou: « Companheiro, eu não falo como doente, também falo como médico.
      Em meu entender, estou em condições de dar a entrevista.»
      Mas a crise de asma não melhorava, tornando impossível o diálogo. Foi necessário adiá-lo.
      Reencontrámo-nos dias depois. Estava, então, quase eufórico. Referindo-se á atitude dos cidadãos cubanos de origem africana, à sua fraca participação na revolução, disse não gostar de se referir á origem ou à raça dos homens.
      Apenas à espécie humana, a cidadãos, a companheiros.
      Manifestei-lhe a minha total concordância. «A verdade », disse-lhe eu, «é que a revolução cubana tinha suscitado em todos nós , africanos, uma enorme expectativa, muita esperança, pois que, pela primeira vez, assistia-mos a um processo revolucionário de cariz marxista, num país subdesenvolvido e eis – colonial , tendo, lado a lado, cidadãos de origem europeia e africana, e onde a discriminação racial tinha sido, e ainda era, tão notório.»
      Cuba seria pois, para nós, africanos, um teste. Seguíamos atentamente a sua evolução e queríamos ver como seria resolvido este problema.
      Muitos, em África, mostravam-se cépticos. Mais do que interesse, da nossa parte existia ansiedade.
      Segundo Che Guevara , a população de origem africana, a principio, não participava no processo. Via-o com uma certa indiferença, como mais uma luta…
      «deles». Mas a desconfiança estava a desaparecer, era cada vez maior a adesão, á medida que iam constatando que este processo era totalmente diferente daqueles que o precederam. Que era um processo para todos.
      Che Guevara acabava de chegar do Congo – Brazzaville.Visitara as bases do MPLA em Cabinda (de facto, na zona fronteiriça Congo/ Brazzaville /Cabinda) .
      Pedi – lhe que me desse as impressões da sua visita. Che não era um diplomata, mas um guerrilheiro, e foi directamente à questão:
      « O MPLA tem ao seu dispor condições de luta excepcionais.
      Quem nos dera a nós que, durante a guerrilha, em Cuba, tivéssemos algo comparável. Mas estas condições não estão a ser devidamente aproveitadas, exploradas …
      O MPLA não luta, não procura o inimigo , não ataca…
      O inimigo deve ser procurado, deve ser fustigado, deve ser perseguido, mesmo no banho. Agostinho Neto está a utilizar a luta armada apenas como mero instrumento de pressão política.»
      Dei parte da conversa a Agostinho Neto. Não reagiu. Tal como a Lúcio Lara, que me respondeu:
      « Os cubanos falam demais.»
      Mas Che falava verdade. Durante vários anos, na minha qualidade de responsável dos serviços de assistência médica da 2º região político – militar do MPLA (Cabinda ) , fui disso testemunha a cada passo.
      Aí e assim , como contestação a esta e outras situações idênticas, surgiria dentro do movimento, antes de Abril de 1974, a Revolta Activa.

      Hugo José Azancot de Menezes foi médico. Foi um dos fundadores do MPLA

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      O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES

      Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.

      Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
      Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
      Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
      Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
      Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
      A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
      Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
      Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
      Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
      De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.

      Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
      A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .

      Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
      Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
      De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
      Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

      A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

      Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
      Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.

      Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

      Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
      Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

      Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

      Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
      Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo – Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.

      Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

      Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

      Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

      Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
      Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

      Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

      Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

      Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
      Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

      A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.

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      O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES

      Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.

      Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
      Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
      Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
      Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
      Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
      A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
      Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
      Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
      Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
      De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.

      Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
      A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .

      Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
      Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
      De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
      Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

      A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

      Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
      Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.

      Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

      Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
      Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

      Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

      Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
      Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo – Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.

      Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

      Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

      Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

      Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
      Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

      Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

      Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

      Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
      Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

      A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.

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      O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES

      Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.

      Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
      Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
      Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
      Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
      Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
      A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
      Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
      Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
      Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
      De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.

      Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
      A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .

      Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
      Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
      De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
      Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

      A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

      Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
      Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.

      Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

      Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
      Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

      Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

      Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
      Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo – Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.

      Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

      Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

      Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

      Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
      Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

      Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

      Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

      Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
      Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

      A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.

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      O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES

      Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.

      Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
      Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
      Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
      Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
      Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
      A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
      Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
      Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
      Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
      De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.

      Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
      A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .

      Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
      Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
      De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
      Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

      A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

      Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
      Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.

      Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

      Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
      Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

      Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

      Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
      Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo – Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.

      Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

      Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

      Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

      Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
      Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

      Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

      Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

      Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
      Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

      A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.

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      Isabel, o de saíres da caverna tem umas ressonâncias platónicas (ou até Matrixiais) que me são muito gratas. Olha, o da empresa não são planos e não é minha, nem têm a ver os amigos que cito, é de outrem, que há um ano se aventurou nesse caminho, difícil e meritório realmente, e que hoje está atrás de algumas cousas verdadeiramente interessantes na Galiza. Eu dedico-me, como suponho supores, a um labor relacionado com o Direito Público (Político, Constitucional, Administrativo): assim que os meus assuntos próprios são, paradoxalmente, “os assuntos comuns” -como se dizia antano, em tradução literal, a “República”. E, embora ser satisfatório o empenho, na verdade ainda não está na minha mão o descuidar, pola especial magnitude do labor que me cabe neste tempo (e, confesso, até porque, feliz ou infelizmente, a minha auto-estima depende da minha professionalidade). Ou seja que nobreza, se é que eu a tenho, obriga: uma máxima vital que é benção (se a sobrevives). Observo que a tua amabilíssima sugestão para eu participar nesses foros que mencionas parece sustentar-se em que para ti o que eu disser poderia ser valioso em alguma medida, e agradeço uma confiança e um reconhecimento que espero sinceramente não defraudar. Os tempos que não são chegados hão-de chegar. Não é?
      Despido-me pois, porque marcho breve, embora também por motivos de trabalho, para esse mare nostrum judeu e mouro com o qual vindico apaixonadas filiações. Foi um luxo, sim, falar com o Miro e contigo.
      Uma aperta.

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      Isabel, o de saíres da caverna tem umas ressonâncias platónicas (ou até Matrixiais) que me são muito gratas. Olha, o da empresa não são planos e não é minha, nem têm a ver os amigos que cito, é de outrem, que há um ano se aventurou nesse caminho, difícil e meritório realmente, e que hoje está atrás de algumas cousas verdadeiramente interessantes na Galiza. Eu dedico-me, como suponho supores, a um labor relacionado com o Direito Público (Político, Constitucional, Administrativo): assim que os meus assuntos próprios são, paradoxalmente, “os assuntos comuns” -como se dizia antano, em tradução literal, a “República”. E, embora ser satisfatório o empenho, na verdade ainda não está na minha mão o descuidar, pola especial magnitude do labor que me cabe neste tempo (e, confesso, até porque, feliz ou infelizmente, a minha auto-estima depende da minha professionalidade). Ou seja que nobreza, se é que eu a tenho, obriga: uma máxima vital que é benção (se a sobrevives). Observo que a tua amabilíssima sugestão para eu participar nesses foros que mencionas parece sustentar-se em que para ti o que eu disser poderia ser valioso em alguma medida, e agradeço uma confiança e um reconhecimento que espero sinceramente não defraudar. Os tempos que não são chegados hão-de chegar. Não é?
      Despido-me pois, porque marcho breve, embora também por motivos de trabalho, para esse mare nostrum judeu e mouro com o qual vindico apaixonadas filiações. Foi um luxo, sim, falar com o Miro e contigo.
      Uma aperta.

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      Isabel, o de saíres da caverna tem umas ressonâncias platónicas (ou até Matrixiais) que me são muito gratas. Olha, o da empresa não são planos e não é minha, nem têm a ver os amigos que cito, é de outrem, que há um ano se aventurou nesse caminho, difícil e meritório realmente, e que hoje está atrás de algumas cousas verdadeiramente interessantes na Galiza. Eu dedico-me, como suponho supores, a um labor relacionado com o Direito Público (Político, Constitucional, Administrativo): assim que os meus assuntos próprios são, paradoxalmente, “os assuntos comuns” -como se dizia antano, em tradução literal, a “República”. E, embora ser satisfatório o empenho, na verdade ainda não está na minha mão o descuidar, pola especial magnitude do labor que me cabe neste tempo (e, confesso, até porque, feliz ou infelizmente, a minha auto-estima depende da minha professionalidade). Ou seja que nobreza, se é que eu a tenho, obriga: uma máxima vital que é benção (se a sobrevives). Observo que a tua amabilíssima sugestão para eu participar nesses foros que mencionas parece sustentar-se em que para ti o que eu disser poderia ser valioso em alguma medida, e agradeço uma confiança e um reconhecimento que espero sinceramente não defraudar. Os tempos que não são chegados hão-de chegar. Não é?
      Despido-me pois, porque marcho breve, embora também por motivos de trabalho, para esse mare nostrum judeu e mouro com o qual vindico apaixonadas filiações. Foi um luxo, sim, falar com o Miro e contigo.
      Uma aperta.

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      Isabel, o de saíres da caverna tem umas ressonâncias platónicas (ou até Matrixiais) que me são muito gratas. Olha, o da empresa não são planos e não é minha, nem têm a ver os amigos que cito, é de outrem, que há um ano se aventurou nesse caminho, difícil e meritório realmente, e que hoje está atrás de algumas cousas verdadeiramente interessantes na Galiza. Eu dedico-me, como suponho supores, a um labor relacionado com o Direito Público (Político, Constitucional, Administrativo): assim que os meus assuntos próprios são, paradoxalmente, “os assuntos comuns” -como se dizia antano, em tradução literal, a “República”. E, embora ser satisfatório o empenho, na verdade ainda não está na minha mão o descuidar, pola especial magnitude do labor que me cabe neste tempo (e, confesso, até porque, feliz ou infelizmente, a minha auto-estima depende da minha professionalidade). Ou seja que nobreza, se é que eu a tenho, obriga: uma máxima vital que é benção (se a sobrevives). Observo que a tua amabilíssima sugestão para eu participar nesses foros que mencionas parece sustentar-se em que para ti o que eu disser poderia ser valioso em alguma medida, e agradeço uma confiança e um reconhecimento que espero sinceramente não defraudar. Os tempos que não são chegados hão-de chegar. Não é?
      Despido-me pois, porque marcho breve, embora também por motivos de trabalho, para esse mare nostrum judeu e mouro com o qual vindico apaixonadas filiações. Foi um luxo, sim, falar com o Miro e contigo.
      Uma aperta.

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      hahaha! Incrível? Bom, não me parece tanto. Claro que eu sou menina da rua, adoito a sair da caverna e dar longos passeios por aí 😉

      Alegro-me desses planos a respeito da empresa da que falas. Espero ouvir mais cousas dela quando se vier a sintetizar numa realidade.

      Também gostaria de poder-te ler no PGL, sim. E noutros lugares como Vieiros, por exemplo. Todos temos estudos e docências que descuidar para poder dizer o que pensamos, mas acho que é melhor assim: descuidemos as nossas cousas para falar do comum mentres podemos.

      Abraço.

      Isabel

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      hahaha! Incrível? Bom, não me parece tanto. Claro que eu sou menina da rua, adoito a sair da caverna e dar longos passeios por aí 😉

      Alegro-me desses planos a respeito da empresa da que falas. Espero ouvir mais cousas dela quando se vier a sintetizar numa realidade.

      Também gostaria de poder-te ler no PGL, sim. E noutros lugares como Vieiros, por exemplo. Todos temos estudos e docências que descuidar para poder dizer o que pensamos, mas acho que é melhor assim: descuidemos as nossas cousas para falar do comum mentres podemos.

      Abraço.

      Isabel

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      hahaha! Incrível? Bom, não me parece tanto. Claro que eu sou menina da rua, adoito a sair da caverna e dar longos passeios por aí 😉

      Alegro-me desses planos a respeito da empresa da que falas. Espero ouvir mais cousas dela quando se vier a sintetizar numa realidade.

      Também gostaria de poder-te ler no PGL, sim. E noutros lugares como Vieiros, por exemplo. Todos temos estudos e docências que descuidar para poder dizer o que pensamos, mas acho que é melhor assim: descuidemos as nossas cousas para falar do comum mentres podemos.

      Abraço.

      Isabel

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      hahaha! Incrível? Bom, não me parece tanto. Claro que eu sou menina da rua, adoito a sair da caverna e dar longos passeios por aí 😉

      Alegro-me desses planos a respeito da empresa da que falas. Espero ouvir mais cousas dela quando se vier a sintetizar numa realidade.

      Também gostaria de poder-te ler no PGL, sim. E noutros lugares como Vieiros, por exemplo. Todos temos estudos e docências que descuidar para poder dizer o que pensamos, mas acho que é melhor assim: descuidemos as nossas cousas para falar do comum mentres podemos.

      Abraço.

      Isabel

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      Cara Isabel,

      deixemos pois o “você”, que para isso está, para ser abandonado numa altura da conversa. Agradeço e valoro o teu último comentário, com o matiz de que creio que as cousas -nessa dialéctica que perfazes- confluem mais freqüentemente do que pensamos. Mas retiremos isto do diálogo e deixemo-lo à soberana surpresa de viver. Há uma cousa incrível, talvez devida essa surpresiva soberania, e é que no último comentário meu me faltou por agregar duas palavras que tu lá agregas. Debate e construção. Olha, eu propriamente não trouxe materiais para o debate (e é que eu prefiro o conceito e a palavra “diálogo” -como tu, sou um bocado especial para a precisão terminológica), o facto é que eu cá trouxe, essa é minha intenção, material para a construção. Minha intenção é, pois, a de trabalhar, por esse futuro do que falámos, neste e deste presente em que vivemos.
      Sei que isso é difícil, dada a não-confluência visível de que me falas. Olha, há três dias falávamos, na Corunha, o Ramiro Torres, colaborador deste blogue, o Luís Maçãs, ex-presidente d’O Facho, e eu, neste assunto: nomeadamente (e como exemplo) no meritório de fundar uma empresa de gestão cultural na Galiza -é o caso de uns nossos amigos- porquanto isso implica trabalhar desde o que há, e com a gente que está. E coincidíamos na nossa gratidão e reconhecimento para esses amigos que decidem voar, para além de demarcações que se lhes fizeram estreitas, mas conservando-se longe de desonestidades, na procura de, posso dizer?, a sua realização professional e pessoal -a beneficiar de passagem a quem, com pessoais trajectórias, com eles colaboramos. E, eu creio, também beneficiando o país.
      O mesmo diria, eu pessoalmente, do Xulio Rios e o seu projecto do IGADI.
      Aliás, tenho previsto colaborar, como (mais casualidades) tu amavelmente sugeres, em outros lugares, entre eles no interessantíssimo Portal Galego da Língua, à medida que os estudos e a docência mo permitam.
      Um forte abraço.

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      Cara Isabel,

      deixemos pois o “você”, que para isso está, para ser abandonado numa altura da conversa. Agradeço e valoro o teu último comentário, com o matiz de que creio que as cousas -nessa dialéctica que perfazes- confluem mais freqüentemente do que pensamos. Mas retiremos isto do diálogo e deixemo-lo à soberana surpresa de viver. Há uma cousa incrível, talvez devida essa surpresiva soberania, e é que no último comentário meu me faltou por agregar duas palavras que tu lá agregas. Debate e construção. Olha, eu propriamente não trouxe materiais para o debate (e é que eu prefiro o conceito e a palavra “diálogo” -como tu, sou um bocado especial para a precisão terminológica), o facto é que eu cá trouxe, essa é minha intenção, material para a construção. Minha intenção é, pois, a de trabalhar, por esse futuro do que falámos, neste e deste presente em que vivemos.
      Sei que isso é difícil, dada a não-confluência visível de que me falas. Olha, há três dias falávamos, na Corunha, o Ramiro Torres, colaborador deste blogue, o Luís Maçãs, ex-presidente d’O Facho, e eu, neste assunto: nomeadamente (e como exemplo) no meritório de fundar uma empresa de gestão cultural na Galiza -é o caso de uns nossos amigos- porquanto isso implica trabalhar desde o que há, e com a gente que está. E coincidíamos na nossa gratidão e reconhecimento para esses amigos que decidem voar, para além de demarcações que se lhes fizeram estreitas, mas conservando-se longe de desonestidades, na procura de, posso dizer?, a sua realização professional e pessoal -a beneficiar de passagem a quem, com pessoais trajectórias, com eles colaboramos. E, eu creio, também beneficiando o país.
      O mesmo diria, eu pessoalmente, do Xulio Rios e o seu projecto do IGADI.
      Aliás, tenho previsto colaborar, como (mais casualidades) tu amavelmente sugeres, em outros lugares, entre eles no interessantíssimo Portal Galego da Língua, à medida que os estudos e a docência mo permitam.
      Um forte abraço.

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      Cara Isabel,

      deixemos pois o “você”, que para isso está, para ser abandonado numa altura da conversa. Agradeço e valoro o teu último comentário, com o matiz de que creio que as cousas -nessa dialéctica que perfazes- confluem mais freqüentemente do que pensamos. Mas retiremos isto do diálogo e deixemo-lo à soberana surpresa de viver. Há uma cousa incrível, talvez devida essa surpresiva soberania, e é que no último comentário meu me faltou por agregar duas palavras que tu lá agregas. Debate e construção. Olha, eu propriamente não trouxe materiais para o debate (e é que eu prefiro o conceito e a palavra “diálogo” -como tu, sou um bocado especial para a precisão terminológica), o facto é que eu cá trouxe, essa é minha intenção, material para a construção. Minha intenção é, pois, a de trabalhar, por esse futuro do que falámos, neste e deste presente em que vivemos.
      Sei que isso é difícil, dada a não-confluência visível de que me falas. Olha, há três dias falávamos, na Corunha, o Ramiro Torres, colaborador deste blogue, o Luís Maçãs, ex-presidente d’O Facho, e eu, neste assunto: nomeadamente (e como exemplo) no meritório de fundar uma empresa de gestão cultural na Galiza -é o caso de uns nossos amigos- porquanto isso implica trabalhar desde o que há, e com a gente que está. E coincidíamos na nossa gratidão e reconhecimento para esses amigos que decidem voar, para além de demarcações que se lhes fizeram estreitas, mas conservando-se longe de desonestidades, na procura de, posso dizer?, a sua realização professional e pessoal -a beneficiar de passagem a quem, com pessoais trajectórias, com eles colaboramos. E, eu creio, também beneficiando o país.
      O mesmo diria, eu pessoalmente, do Xulio Rios e o seu projecto do IGADI.
      Aliás, tenho previsto colaborar, como (mais casualidades) tu amavelmente sugeres, em outros lugares, entre eles no interessantíssimo Portal Galego da Língua, à medida que os estudos e a docência mo permitam.
      Um forte abraço.

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      deixemos pois o “você”, que para isso está, para ser abandonado numa altura da conversa. Agradeço e valoro o teu último comentário, com o matiz de que creio que as cousas -nessa dialéctica que perfazes- confluem mais freqüentemente do que pensamos. Mas retiremos isto do diálogo e deixemo-lo à soberana surpresa de viver. Há uma cousa incrível, talvez devida essa surpresiva soberania, e é que no último comentário meu me faltou por agregar duas palavras que tu lá agregas. Debate e construção. Olha, eu propriamente não trouxe materiais para o debate (e é que eu prefiro o conceito e a palavra “diálogo” -como tu, sou um bocado especial para a precisão terminológica), o facto é que eu cá trouxe, essa é minha intenção, material para a construção. Minha intenção é, pois, a de trabalhar, por esse futuro do que falámos, neste e deste presente em que vivemos.
      Sei que isso é difícil, dada a não-confluência visível de que me falas. Olha, há três dias falávamos, na Corunha, o Ramiro Torres, colaborador deste blogue, o Luís Maçãs, ex-presidente d’O Facho, e eu, neste assunto: nomeadamente (e como exemplo) no meritório de fundar uma empresa de gestão cultural na Galiza -é o caso de uns nossos amigos- porquanto isso implica trabalhar desde o que há, e com a gente que está. E coincidíamos na nossa gratidão e reconhecimento para esses amigos que decidem voar, para além de demarcações que se lhes fizeram estreitas, mas conservando-se longe de desonestidades, na procura de, posso dizer?, a sua realização professional e pessoal -a beneficiar de passagem a quem, com pessoais trajectórias, com eles colaboramos. E, eu creio, também beneficiando o país.
      O mesmo diria, eu pessoalmente, do Xulio Rios e o seu projecto do IGADI.
      Aliás, tenho previsto colaborar, como (mais casualidades) tu amavelmente sugeres, em outros lugares, entre eles no interessantíssimo Portal Galego da Língua, à medida que os estudos e a docência mo permitam.
      Um forte abraço.

    • Author gravatarAuthor gravatar

      Caro Pedro,

      vou abandonar o tratamento de você com o que me encontro já um pouco incómoda. Dizia numa mensagem anterior que não consegui enviar (portanto esta é de segundas, ando já um pouco resmungona e preguiceira) que é um prazer falar/escrever para quem escuta/lê e pode perceber/compreender. Mas que é uma pena não poder desfrutar de mais dos teus artigos em lugares mais visíveis. Agradeço a referência ao artigo no IGADI, andava à procura dele -bom, já o tinha por impossível-, é o primeiro artigo em português de autor galego que vejo nessa página…

      A respeito das mudanças, é o dilema de sempre. Tudo muda para vir a ficar no mesmo. Mas muda. As mudanças podem vir preparadas ou induzidas desde acima ou irem medrando desde abaixo como as margaridas. O equilíbrio entre as duas formas e, sobretudo, a construção na mesma direção é o que provoca a acelaração no ritmo dos câmbios. O que acontece é que de regra as duas forças anulam-se ou interrompem-se ao flutuarem para objetivos diferentes.

      Dizia que é uma mágoa não poder ler os teus textos em lugares onde o seu espalhamento pudesse ser maior. Irias-te surprender com a quantidade de gente que há noutros lugares que leria com prazer e comentaria e criaria debate sobre as questões colocadas. Digo isto por aquilo que falavas do debate e dos nossos comentários ao texto. Na realidade, este debate não me parece nenhuma maravilha. Dous comentadores (com o Miro, que é um luxo, mas ainda assim) e mais o autor não é nem sequer suficiente. É opinião.

      Já para rematar, prefiro a perfeição dos bits a arriscar a riscar o papel com a minha cada vez mais abandonada e deformada caligrafia. Com efeito, não há fotos nem traços manuais, mas recebe igualmente um abraço, mesmo que seja virtual.

      Isabel

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      Caro Pedro,

      vou abandonar o tratamento de você com o que me encontro já um pouco incómoda. Dizia numa mensagem anterior que não consegui enviar (portanto esta é de segundas, ando já um pouco resmungona e preguiceira) que é um prazer falar/escrever para quem escuta/lê e pode perceber/compreender. Mas que é uma pena não poder desfrutar de mais dos teus artigos em lugares mais visíveis. Agradeço a referência ao artigo no IGADI, andava à procura dele -bom, já o tinha por impossível-, é o primeiro artigo em português de autor galego que vejo nessa página…

      A respeito das mudanças, é o dilema de sempre. Tudo muda para vir a ficar no mesmo. Mas muda. As mudanças podem vir preparadas ou induzidas desde acima ou irem medrando desde abaixo como as margaridas. O equilíbrio entre as duas formas e, sobretudo, a construção na mesma direção é o que provoca a acelaração no ritmo dos câmbios. O que acontece é que de regra as duas forças anulam-se ou interrompem-se ao flutuarem para objetivos diferentes.

      Dizia que é uma mágoa não poder ler os teus textos em lugares onde o seu espalhamento pudesse ser maior. Irias-te surprender com a quantidade de gente que há noutros lugares que leria com prazer e comentaria e criaria debate sobre as questões colocadas. Digo isto por aquilo que falavas do debate e dos nossos comentários ao texto. Na realidade, este debate não me parece nenhuma maravilha. Dous comentadores (com o Miro, que é um luxo, mas ainda assim) e mais o autor não é nem sequer suficiente. É opinião.

      Já para rematar, prefiro a perfeição dos bits a arriscar a riscar o papel com a minha cada vez mais abandonada e deformada caligrafia. Com efeito, não há fotos nem traços manuais, mas recebe igualmente um abraço, mesmo que seja virtual.

      Isabel

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      Caro Pedro,

      vou abandonar o tratamento de você com o que me encontro já um pouco incómoda. Dizia numa mensagem anterior que não consegui enviar (portanto esta é de segundas, ando já um pouco resmungona e preguiceira) que é um prazer falar/escrever para quem escuta/lê e pode perceber/compreender. Mas que é uma pena não poder desfrutar de mais dos teus artigos em lugares mais visíveis. Agradeço a referência ao artigo no IGADI, andava à procura dele -bom, já o tinha por impossível-, é o primeiro artigo em português de autor galego que vejo nessa página…

      A respeito das mudanças, é o dilema de sempre. Tudo muda para vir a ficar no mesmo. Mas muda. As mudanças podem vir preparadas ou induzidas desde acima ou irem medrando desde abaixo como as margaridas. O equilíbrio entre as duas formas e, sobretudo, a construção na mesma direção é o que provoca a acelaração no ritmo dos câmbios. O que acontece é que de regra as duas forças anulam-se ou interrompem-se ao flutuarem para objetivos diferentes.

      Dizia que é uma mágoa não poder ler os teus textos em lugares onde o seu espalhamento pudesse ser maior. Irias-te surprender com a quantidade de gente que há noutros lugares que leria com prazer e comentaria e criaria debate sobre as questões colocadas. Digo isto por aquilo que falavas do debate e dos nossos comentários ao texto. Na realidade, este debate não me parece nenhuma maravilha. Dous comentadores (com o Miro, que é um luxo, mas ainda assim) e mais o autor não é nem sequer suficiente. É opinião.

      Já para rematar, prefiro a perfeição dos bits a arriscar a riscar o papel com a minha cada vez mais abandonada e deformada caligrafia. Com efeito, não há fotos nem traços manuais, mas recebe igualmente um abraço, mesmo que seja virtual.

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      Caro Pedro,

      vou abandonar o tratamento de você com o que me encontro já um pouco incómoda. Dizia numa mensagem anterior que não consegui enviar (portanto esta é de segundas, ando já um pouco resmungona e preguiceira) que é um prazer falar/escrever para quem escuta/lê e pode perceber/compreender. Mas que é uma pena não poder desfrutar de mais dos teus artigos em lugares mais visíveis. Agradeço a referência ao artigo no IGADI, andava à procura dele -bom, já o tinha por impossível-, é o primeiro artigo em português de autor galego que vejo nessa página…

      A respeito das mudanças, é o dilema de sempre. Tudo muda para vir a ficar no mesmo. Mas muda. As mudanças podem vir preparadas ou induzidas desde acima ou irem medrando desde abaixo como as margaridas. O equilíbrio entre as duas formas e, sobretudo, a construção na mesma direção é o que provoca a acelaração no ritmo dos câmbios. O que acontece é que de regra as duas forças anulam-se ou interrompem-se ao flutuarem para objetivos diferentes.

      Dizia que é uma mágoa não poder ler os teus textos em lugares onde o seu espalhamento pudesse ser maior. Irias-te surprender com a quantidade de gente que há noutros lugares que leria com prazer e comentaria e criaria debate sobre as questões colocadas. Digo isto por aquilo que falavas do debate e dos nossos comentários ao texto. Na realidade, este debate não me parece nenhuma maravilha. Dous comentadores (com o Miro, que é um luxo, mas ainda assim) e mais o autor não é nem sequer suficiente. É opinião.

      Já para rematar, prefiro a perfeição dos bits a arriscar a riscar o papel com a minha cada vez mais abandonada e deformada caligrafia. Com efeito, não há fotos nem traços manuais, mas recebe igualmente um abraço, mesmo que seja virtual.

      Isabel

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      Caros Miro e Isabel,

      o primeiro mostrar-vos o agradecimento polo ensejo de recapacitarmos, com inteligência e à margem de pré-conceitos, que a vossa participação está gerando. Graças nomeadamente polo apuramento que ao meu texto trazem os vossos, sobretudo nesse sentido sincrónico, imediato, que tão bem apontais. Há duas cousas, contudo, que julgo preciso aclarar. Miro, menciono esse exemplo mussulmano sem prejuízo de eu ser precisamente da tese de que em forma e tempo o integrismo católico e o fundamentalismo protestante são o modelo, polo menos parcialmente, do que hoje chamamos jihadismo (vide http://www.igadi.org/tribuna/pc_integrismo_e_fundamentalismo.htm , acima citado). Concordo assimesmo com o papel que no trono vazio do poder teocrático do ancien régime desempenham certos nacionalismos modernos. E compreendo, porque nasci neste contexto, que é inelutável reconhecer diferenças entre o nacionalismo imperialista e o defensivo. Mas eu apenas apelo à consciência, ao livre-pensamento como instrumento de compreensão, e neste assunto concreto à observação de que o mundo das ideologias (nacionalismo incluso) nasce do optimismo tecnológico e científico, de base positivista, que marcam a parábola social dos últimos 200 anos, com o seu ascenso e descenso. Agora, como te sugeria acima, enfrentamos um terrorífico descenso, com a desestruturação ética, económica, ecológica… que padecemos. E é preciso sermos críticos com aquele optimismo antes de abrir novas frentes contra quem com certeza –como tu dizes- a fundamentar-se no tradicionalismo nada traz de positivo. É fundamental, antes de mais nada, sermos auto-críticos. Prometo dar mais chaves noutro texto futuro.
      Bom, Isabel, também um prazer em conhecê-la, se é possível dizer assim em tal contexto, em que nem existe a possibilidade de nos vermos na letra pessoal, pequeno espelho negro do espírito de quem a escreve. Bem, sim, concordo consigo nas apreciações sobre o depoimento do Nobel, naturalmente ignoro em profundidade a intenção do Saramago e, devo dizer, também não me interessa na realidade, com todos os respeitos, porque não é o tema. Ora ele trouxo-me o ensejo de falar num sentido que julgo positivo, positivo pragmaticamente, embora talvez não muito correspondente com a execução concreta, cotidiana, de um ordenamento (o nosso) que, aliás, me quer parecer o suficientemente flexível –ao teor da sua letra- como para “dar para mais”. Será por deformação professional, mas eu não confio tanto na virtude da lei. Nem da sua reforma, está a perceber?, porque, por estrutura jurídica, eu julgo que esta (a nossa) chegava para fazer certas cousas muito convenientes –se houver vontade. Alegrando-me de que a satisfaça o estilo, à falta de caligrafia aonde encontrarmos o humano por entre os bits, por aqui fico.
      Um abraço.

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      Caros Miro e Isabel,

      o primeiro mostrar-vos o agradecimento polo ensejo de recapacitarmos, com inteligência e à margem de pré-conceitos, que a vossa participação está gerando. Graças nomeadamente polo apuramento que ao meu texto trazem os vossos, sobretudo nesse sentido sincrónico, imediato, que tão bem apontais. Há duas cousas, contudo, que julgo preciso aclarar. Miro, menciono esse exemplo mussulmano sem prejuízo de eu ser precisamente da tese de que em forma e tempo o integrismo católico e o fundamentalismo protestante são o modelo, polo menos parcialmente, do que hoje chamamos jihadismo (vide http://www.igadi.org/tribuna/pc_integrismo_e_fundamentalismo.htm , acima citado). Concordo assimesmo com o papel que no trono vazio do poder teocrático do ancien régime desempenham certos nacionalismos modernos. E compreendo, porque nasci neste contexto, que é inelutável reconhecer diferenças entre o nacionalismo imperialista e o defensivo. Mas eu apenas apelo à consciência, ao livre-pensamento como instrumento de compreensão, e neste assunto concreto à observação de que o mundo das ideologias (nacionalismo incluso) nasce do optimismo tecnológico e científico, de base positivista, que marcam a parábola social dos últimos 200 anos, com o seu ascenso e descenso. Agora, como te sugeria acima, enfrentamos um terrorífico descenso, com a desestruturação ética, económica, ecológica… que padecemos. E é preciso sermos críticos com aquele optimismo antes de abrir novas frentes contra quem com certeza –como tu dizes- a fundamentar-se no tradicionalismo nada traz de positivo. É fundamental, antes de mais nada, sermos auto-críticos. Prometo dar mais chaves noutro texto futuro.
      Bom, Isabel, também um prazer em conhecê-la, se é possível dizer assim em tal contexto, em que nem existe a possibilidade de nos vermos na letra pessoal, pequeno espelho negro do espírito de quem a escreve. Bem, sim, concordo consigo nas apreciações sobre o depoimento do Nobel, naturalmente ignoro em profundidade a intenção do Saramago e, devo dizer, também não me interessa na realidade, com todos os respeitos, porque não é o tema. Ora ele trouxo-me o ensejo de falar num sentido que julgo positivo, positivo pragmaticamente, embora talvez não muito correspondente com a execução concreta, cotidiana, de um ordenamento (o nosso) que, aliás, me quer parecer o suficientemente flexível –ao teor da sua letra- como para “dar para mais”. Será por deformação professional, mas eu não confio tanto na virtude da lei. Nem da sua reforma, está a perceber?, porque, por estrutura jurídica, eu julgo que esta (a nossa) chegava para fazer certas cousas muito convenientes –se houver vontade. Alegrando-me de que a satisfaça o estilo, à falta de caligrafia aonde encontrarmos o humano por entre os bits, por aqui fico.
      Um abraço.

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      Caros Miro e Isabel,

      o primeiro mostrar-vos o agradecimento polo ensejo de recapacitarmos, com inteligência e à margem de pré-conceitos, que a vossa participação está gerando. Graças nomeadamente polo apuramento que ao meu texto trazem os vossos, sobretudo nesse sentido sincrónico, imediato, que tão bem apontais. Há duas cousas, contudo, que julgo preciso aclarar. Miro, menciono esse exemplo mussulmano sem prejuízo de eu ser precisamente da tese de que em forma e tempo o integrismo católico e o fundamentalismo protestante são o modelo, polo menos parcialmente, do que hoje chamamos jihadismo (vide http://www.igadi.org/tribuna/pc_integrismo_e_fundamentalismo.htm , acima citado). Concordo assimesmo com o papel que no trono vazio do poder teocrático do ancien régime desempenham certos nacionalismos modernos. E compreendo, porque nasci neste contexto, que é inelutável reconhecer diferenças entre o nacionalismo imperialista e o defensivo. Mas eu apenas apelo à consciência, ao livre-pensamento como instrumento de compreensão, e neste assunto concreto à observação de que o mundo das ideologias (nacionalismo incluso) nasce do optimismo tecnológico e científico, de base positivista, que marcam a parábola social dos últimos 200 anos, com o seu ascenso e descenso. Agora, como te sugeria acima, enfrentamos um terrorífico descenso, com a desestruturação ética, económica, ecológica… que padecemos. E é preciso sermos críticos com aquele optimismo antes de abrir novas frentes contra quem com certeza –como tu dizes- a fundamentar-se no tradicionalismo nada traz de positivo. É fundamental, antes de mais nada, sermos auto-críticos. Prometo dar mais chaves noutro texto futuro.
      Bom, Isabel, também um prazer em conhecê-la, se é possível dizer assim em tal contexto, em que nem existe a possibilidade de nos vermos na letra pessoal, pequeno espelho negro do espírito de quem a escreve. Bem, sim, concordo consigo nas apreciações sobre o depoimento do Nobel, naturalmente ignoro em profundidade a intenção do Saramago e, devo dizer, também não me interessa na realidade, com todos os respeitos, porque não é o tema. Ora ele trouxo-me o ensejo de falar num sentido que julgo positivo, positivo pragmaticamente, embora talvez não muito correspondente com a execução concreta, cotidiana, de um ordenamento (o nosso) que, aliás, me quer parecer o suficientemente flexível –ao teor da sua letra- como para “dar para mais”. Será por deformação professional, mas eu não confio tanto na virtude da lei. Nem da sua reforma, está a perceber?, porque, por estrutura jurídica, eu julgo que esta (a nossa) chegava para fazer certas cousas muito convenientes –se houver vontade. Alegrando-me de que a satisfaça o estilo, à falta de caligrafia aonde encontrarmos o humano por entre os bits, por aqui fico.
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      Caros Miro e Isabel,

      o primeiro mostrar-vos o agradecimento polo ensejo de recapacitarmos, com inteligência e à margem de pré-conceitos, que a vossa participação está gerando. Graças nomeadamente polo apuramento que ao meu texto trazem os vossos, sobretudo nesse sentido sincrónico, imediato, que tão bem apontais. Há duas cousas, contudo, que julgo preciso aclarar. Miro, menciono esse exemplo mussulmano sem prejuízo de eu ser precisamente da tese de que em forma e tempo o integrismo católico e o fundamentalismo protestante são o modelo, polo menos parcialmente, do que hoje chamamos jihadismo (vide http://www.igadi.org/tribuna/pc_integrismo_e_fundamentalismo.htm , acima citado). Concordo assimesmo com o papel que no trono vazio do poder teocrático do ancien régime desempenham certos nacionalismos modernos. E compreendo, porque nasci neste contexto, que é inelutável reconhecer diferenças entre o nacionalismo imperialista e o defensivo. Mas eu apenas apelo à consciência, ao livre-pensamento como instrumento de compreensão, e neste assunto concreto à observação de que o mundo das ideologias (nacionalismo incluso) nasce do optimismo tecnológico e científico, de base positivista, que marcam a parábola social dos últimos 200 anos, com o seu ascenso e descenso. Agora, como te sugeria acima, enfrentamos um terrorífico descenso, com a desestruturação ética, económica, ecológica… que padecemos. E é preciso sermos críticos com aquele optimismo antes de abrir novas frentes contra quem com certeza –como tu dizes- a fundamentar-se no tradicionalismo nada traz de positivo. É fundamental, antes de mais nada, sermos auto-críticos. Prometo dar mais chaves noutro texto futuro.
      Bom, Isabel, também um prazer em conhecê-la, se é possível dizer assim em tal contexto, em que nem existe a possibilidade de nos vermos na letra pessoal, pequeno espelho negro do espírito de quem a escreve. Bem, sim, concordo consigo nas apreciações sobre o depoimento do Nobel, naturalmente ignoro em profundidade a intenção do Saramago e, devo dizer, também não me interessa na realidade, com todos os respeitos, porque não é o tema. Ora ele trouxo-me o ensejo de falar num sentido que julgo positivo, positivo pragmaticamente, embora talvez não muito correspondente com a execução concreta, cotidiana, de um ordenamento (o nosso) que, aliás, me quer parecer o suficientemente flexível –ao teor da sua letra- como para “dar para mais”. Será por deformação professional, mas eu não confio tanto na virtude da lei. Nem da sua reforma, está a perceber?, porque, por estrutura jurídica, eu julgo que esta (a nossa) chegava para fazer certas cousas muito convenientes –se houver vontade. Alegrando-me de que a satisfaça o estilo, à falta de caligrafia aonde encontrarmos o humano por entre os bits, por aqui fico.
      Um abraço.

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      Caro Pedro Casteleiro,

      Não tenho o prazer de conhecê-lo, mas como a Internet dá estas possibilidades, permita-me uns curtos e diretos comentários ao seu artigo.

      Primeiro devo dizer que partilho a completo a opinião de Miro. Pelo que não quereria voltar a dizer o que ele já disse nos comentários precedentes.

      Segundo:

      1) É possível que dentro do contexto da União Europeia uma mini-união dos dous estados ibéricos pudesse ser uma força maior do que a que sustentam esses dous estados por separado.

      2) Mas isso não justifica uma união do Reino de Espanha com a República Portuguesa nos termos em que o senhor Saramago a tem exposto.

      3) Como galegos sabemos bem e não precisamos mais provas do que se entende no Reino como “Autonomía”. Apoiar uma fórmula estatal que tivesse a Portugal como uma dessas “Autonomías” é claramente um disparate.

      4) O seu interesse, Pedro, por entender dentro de um contexto (suposto) as declarações de Saramago e o sucesso com que o faz, o honra, para além da excelente escrita. Mas, desculpe, as declarações do Nobel não incidem na união dos povos da antiga Hispania (desculpe-me o grande Castelao, prefiro Hispania a Hespaña e mesmo a Hespanha, assim como prefiro secretário a segredario/segredário, e desculpe também você a digressão, como não me conhece não sabe que tenho essa teima com os nomes e a sua apropriação, etc.), digo que Saramago não está a falar da união dos povos, mas da união dos estados (Espanha e Portugal) e por cima poupa comentários a respeito do ordenamento monárquico que reina (sic) no lugar donde escreve. Será que como estrangeiro e comunista não vê os efeitos dessa ordem quase divina.

      5) Portanto (e resumindo): permito-me opinar que a sua visão da polémica derivada das declarações saramaguianas é certamente interessante (coincido com todo o dito sobre a mal entendida “globalização”, que não é ajuntamento ou proximidade de povos, mas imperialismo estatal sobre os povos e sem eles) mas não se ajusta à realidade nem das evidências mais que evidentes a respeito da situação dos dous Estados peninsulares, nem das declarações de Saramago.

      Cumprimentos.

      Isabel Rei

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      Caro Pedro Casteleiro,

      Não tenho o prazer de conhecê-lo, mas como a Internet dá estas possibilidades, permita-me uns curtos e diretos comentários ao seu artigo.

      Primeiro devo dizer que partilho a completo a opinião de Miro. Pelo que não quereria voltar a dizer o que ele já disse nos comentários precedentes.

      Segundo:

      1) É possível que dentro do contexto da União Europeia uma mini-união dos dous estados ibéricos pudesse ser uma força maior do que a que sustentam esses dous estados por separado.

      2) Mas isso não justifica uma união do Reino de Espanha com a República Portuguesa nos termos em que o senhor Saramago a tem exposto.

      3) Como galegos sabemos bem e não precisamos mais provas do que se entende no Reino como “Autonomía”. Apoiar uma fórmula estatal que tivesse a Portugal como uma dessas “Autonomías” é claramente um disparate.

      4) O seu interesse, Pedro, por entender dentro de um contexto (suposto) as declarações de Saramago e o sucesso com que o faz, o honra, para além da excelente escrita. Mas, desculpe, as declarações do Nobel não incidem na união dos povos da antiga Hispania (desculpe-me o grande Castelao, prefiro Hispania a Hespaña e mesmo a Hespanha, assim como prefiro secretário a segredario/segredário, e desculpe também você a digressão, como não me conhece não sabe que tenho essa teima com os nomes e a sua apropriação, etc.), digo que Saramago não está a falar da união dos povos, mas da união dos estados (Espanha e Portugal) e por cima poupa comentários a respeito do ordenamento monárquico que reina (sic) no lugar donde escreve. Será que como estrangeiro e comunista não vê os efeitos dessa ordem quase divina.

      5) Portanto (e resumindo): permito-me opinar que a sua visão da polémica derivada das declarações saramaguianas é certamente interessante (coincido com todo o dito sobre a mal entendida “globalização”, que não é ajuntamento ou proximidade de povos, mas imperialismo estatal sobre os povos e sem eles) mas não se ajusta à realidade nem das evidências mais que evidentes a respeito da situação dos dous Estados peninsulares, nem das declarações de Saramago.

      Cumprimentos.

      Isabel Rei

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      Caro Pedro Casteleiro,

      Não tenho o prazer de conhecê-lo, mas como a Internet dá estas possibilidades, permita-me uns curtos e diretos comentários ao seu artigo.

      Primeiro devo dizer que partilho a completo a opinião de Miro. Pelo que não quereria voltar a dizer o que ele já disse nos comentários precedentes.

      Segundo:

      1) É possível que dentro do contexto da União Europeia uma mini-união dos dous estados ibéricos pudesse ser uma força maior do que a que sustentam esses dous estados por separado.

      2) Mas isso não justifica uma união do Reino de Espanha com a República Portuguesa nos termos em que o senhor Saramago a tem exposto.

      3) Como galegos sabemos bem e não precisamos mais provas do que se entende no Reino como “Autonomía”. Apoiar uma fórmula estatal que tivesse a Portugal como uma dessas “Autonomías” é claramente um disparate.

      4) O seu interesse, Pedro, por entender dentro de um contexto (suposto) as declarações de Saramago e o sucesso com que o faz, o honra, para além da excelente escrita. Mas, desculpe, as declarações do Nobel não incidem na união dos povos da antiga Hispania (desculpe-me o grande Castelao, prefiro Hispania a Hespaña e mesmo a Hespanha, assim como prefiro secretário a segredario/segredário, e desculpe também você a digressão, como não me conhece não sabe que tenho essa teima com os nomes e a sua apropriação, etc.), digo que Saramago não está a falar da união dos povos, mas da união dos estados (Espanha e Portugal) e por cima poupa comentários a respeito do ordenamento monárquico que reina (sic) no lugar donde escreve. Será que como estrangeiro e comunista não vê os efeitos dessa ordem quase divina.

      5) Portanto (e resumindo): permito-me opinar que a sua visão da polémica derivada das declarações saramaguianas é certamente interessante (coincido com todo o dito sobre a mal entendida “globalização”, que não é ajuntamento ou proximidade de povos, mas imperialismo estatal sobre os povos e sem eles) mas não se ajusta à realidade nem das evidências mais que evidentes a respeito da situação dos dous Estados peninsulares, nem das declarações de Saramago.

      Cumprimentos.

      Isabel Rei

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      Caro Pedro Casteleiro,

      Não tenho o prazer de conhecê-lo, mas como a Internet dá estas possibilidades, permita-me uns curtos e diretos comentários ao seu artigo.

      Primeiro devo dizer que partilho a completo a opinião de Miro. Pelo que não quereria voltar a dizer o que ele já disse nos comentários precedentes.

      Segundo:

      1) É possível que dentro do contexto da União Europeia uma mini-união dos dous estados ibéricos pudesse ser uma força maior do que a que sustentam esses dous estados por separado.

      2) Mas isso não justifica uma união do Reino de Espanha com a República Portuguesa nos termos em que o senhor Saramago a tem exposto.

      3) Como galegos sabemos bem e não precisamos mais provas do que se entende no Reino como “Autonomía”. Apoiar uma fórmula estatal que tivesse a Portugal como uma dessas “Autonomías” é claramente um disparate.

      4) O seu interesse, Pedro, por entender dentro de um contexto (suposto) as declarações de Saramago e o sucesso com que o faz, o honra, para além da excelente escrita. Mas, desculpe, as declarações do Nobel não incidem na união dos povos da antiga Hispania (desculpe-me o grande Castelao, prefiro Hispania a Hespaña e mesmo a Hespanha, assim como prefiro secretário a segredario/segredário, e desculpe também você a digressão, como não me conhece não sabe que tenho essa teima com os nomes e a sua apropriação, etc.), digo que Saramago não está a falar da união dos povos, mas da união dos estados (Espanha e Portugal) e por cima poupa comentários a respeito do ordenamento monárquico que reina (sic) no lugar donde escreve. Será que como estrangeiro e comunista não vê os efeitos dessa ordem quase divina.

      5) Portanto (e resumindo): permito-me opinar que a sua visão da polémica derivada das declarações saramaguianas é certamente interessante (coincido com todo o dito sobre a mal entendida “globalização”, que não é ajuntamento ou proximidade de povos, mas imperialismo estatal sobre os povos e sem eles) mas não se ajusta à realidade nem das evidências mais que evidentes a respeito da situação dos dous Estados peninsulares, nem das declarações de Saramago.

      Cumprimentos.

      Isabel Rei

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      Por que será que quando se menciona o termo “fundamentalismo” todos pensam no fundamentalismo islâmico? Eu, no contexto europeu, estava a pensar também no fundamentalismo de base cristiana, particularmente católico (veja-se a Polónia e similares) e evangelista (nomeadamente nos EUA). Penso também nos nacionalismos espanhol e francês, entre outros. Penso em como está a medrar o nazismo em todos os países europeus… Penso, em geral, no descrédito da ciência e o racionalismo em favor do fanatismo e a superstição, nas suas variadas manifestações. Embora a tendência mais geral seja voltar cara os valores “tradicionais”, cara o que “sempre” esteve ai, cara o “seguro” e “imutável”…

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      Por que será que quando se menciona o termo “fundamentalismo” todos pensam no fundamentalismo islâmico? Eu, no contexto europeu, estava a pensar também no fundamentalismo de base cristiana, particularmente católico (veja-se a Polónia e similares) e evangelista (nomeadamente nos EUA). Penso também nos nacionalismos espanhol e francês, entre outros. Penso em como está a medrar o nazismo em todos os países europeus… Penso, em geral, no descrédito da ciência e o racionalismo em favor do fanatismo e a superstição, nas suas variadas manifestações. Embora a tendência mais geral seja voltar cara os valores “tradicionais”, cara o que “sempre” esteve ai, cara o “seguro” e “imutável”…

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      Por que será que quando se menciona o termo “fundamentalismo” todos pensam no fundamentalismo islâmico? Eu, no contexto europeu, estava a pensar também no fundamentalismo de base cristiana, particularmente católico (veja-se a Polónia e similares) e evangelista (nomeadamente nos EUA). Penso também nos nacionalismos espanhol e francês, entre outros. Penso em como está a medrar o nazismo em todos os países europeus… Penso, em geral, no descrédito da ciência e o racionalismo em favor do fanatismo e a superstição, nas suas variadas manifestações. Embora a tendência mais geral seja voltar cara os valores “tradicionais”, cara o que “sempre” esteve ai, cara o “seguro” e “imutável”…

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      Por que será que quando se menciona o termo “fundamentalismo” todos pensam no fundamentalismo islâmico? Eu, no contexto europeu, estava a pensar também no fundamentalismo de base cristiana, particularmente católico (veja-se a Polónia e similares) e evangelista (nomeadamente nos EUA). Penso também nos nacionalismos espanhol e francês, entre outros. Penso em como está a medrar o nazismo em todos os países europeus… Penso, em geral, no descrédito da ciência e o racionalismo em favor do fanatismo e a superstição, nas suas variadas manifestações. Embora a tendência mais geral seja voltar cara os valores “tradicionais”, cara o que “sempre” esteve ai, cara o “seguro” e “imutável”…

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      Com prazer, Miro, te cumprimento e tento responder de forma clara e sucinta. O primeiro, quanto às tuas considerações sobre a globalização, estou -como escrevia- com José Luis Sampedro e contigo. Acho muito pertinentes as tuas observações, infelizmente exactas. Sobre a diversa natureza dos nacionalismos, sem estado e com estado, estamos também de acordo, e como tal ideologia serviu de baluarte contra muitas ofensas. A isso agreguei eu há um ano, nas páginas d’ A Nossa Terra, que precisamente assistimos nas últimas décadas ao desenvolvimento de um neo-fundamentalismo islâmico apresentado como herdeiro do papel desempenhado polo nacionalismo (pan-árabe) fracassado. Ora, em ambos casos, e sucessivamente no mundo arabo-islâmico, me atrevo a diagnosticar uma importante, e socialmente demolidora, crise por ausência (basicamente) dos pressupostos que fundamentavam as sociedades modernas, as sociedades dos útimos 200 anos. O nacionalismo (e o integrismo, com todas as respeitosas distâncias) são hoje -por vivazes ou agressivos que se apresentem- para bem ou para mal apenas um correlato capitidiminuído do que noutra época foi quase sacralidade. E instrumentos ideológicos de incerta eficácia, quer na sua versão dezanovesca quer na anti-colonialista, contra uma globalização desumanizadora. Em todo caso, julgo ser o meu humilde dever chamar para uma revisão pormenorizada de muitos elementos do nosso nacionalismo, a risco de que fiquemos sem nenhum instrumento para enfrentar eficazmente o presente.
      O último ponto, a desnecessariedade duma Confederação Ibérica no contexto de União Europeia: as minhas sugestões são conscientemente uma reivindicação pessoal -para além de tópicos- do quanto de americano, de africano, de árabe e judeu temos culturalmente -e em comum- as nações da Ibéria, e uma convocatória a fazer uso consciente do nosso ascendente sobre o mundo árabe-mussulmano, judeu e americano de expressão hispânica. Uma boa referência do que sugiro, mais do que Saramago ou a Commonwealth, são os trabalhos e o pensamento do filósofo português Agostinho da Silva, da que podeis encontrar comentário valioso em textos publicados neste mesmo blogue polo José António Lozano.
      Uma aperta.

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      Com prazer, Miro, te cumprimento e tento responder de forma clara e sucinta. O primeiro, quanto às tuas considerações sobre a globalização, estou -como escrevia- com José Luis Sampedro e contigo. Acho muito pertinentes as tuas observações, infelizmente exactas. Sobre a diversa natureza dos nacionalismos, sem estado e com estado, estamos também de acordo, e como tal ideologia serviu de baluarte contra muitas ofensas. A isso agreguei eu há um ano, nas páginas d’ A Nossa Terra, que precisamente assistimos nas últimas décadas ao desenvolvimento de um neo-fundamentalismo islâmico apresentado como herdeiro do papel desempenhado polo nacionalismo (pan-árabe) fracassado. Ora, em ambos casos, e sucessivamente no mundo arabo-islâmico, me atrevo a diagnosticar uma importante, e socialmente demolidora, crise por ausência (basicamente) dos pressupostos que fundamentavam as sociedades modernas, as sociedades dos útimos 200 anos. O nacionalismo (e o integrismo, com todas as respeitosas distâncias) são hoje -por vivazes ou agressivos que se apresentem- para bem ou para mal apenas um correlato capitidiminuído do que noutra época foi quase sacralidade. E instrumentos ideológicos de incerta eficácia, quer na sua versão dezanovesca quer na anti-colonialista, contra uma globalização desumanizadora. Em todo caso, julgo ser o meu humilde dever chamar para uma revisão pormenorizada de muitos elementos do nosso nacionalismo, a risco de que fiquemos sem nenhum instrumento para enfrentar eficazmente o presente.
      O último ponto, a desnecessariedade duma Confederação Ibérica no contexto de União Europeia: as minhas sugestões são conscientemente uma reivindicação pessoal -para além de tópicos- do quanto de americano, de africano, de árabe e judeu temos culturalmente -e em comum- as nações da Ibéria, e uma convocatória a fazer uso consciente do nosso ascendente sobre o mundo árabe-mussulmano, judeu e americano de expressão hispânica. Uma boa referência do que sugiro, mais do que Saramago ou a Commonwealth, são os trabalhos e o pensamento do filósofo português Agostinho da Silva, da que podeis encontrar comentário valioso em textos publicados neste mesmo blogue polo José António Lozano.
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      Com prazer, Miro, te cumprimento e tento responder de forma clara e sucinta. O primeiro, quanto às tuas considerações sobre a globalização, estou -como escrevia- com José Luis Sampedro e contigo. Acho muito pertinentes as tuas observações, infelizmente exactas. Sobre a diversa natureza dos nacionalismos, sem estado e com estado, estamos também de acordo, e como tal ideologia serviu de baluarte contra muitas ofensas. A isso agreguei eu há um ano, nas páginas d’ A Nossa Terra, que precisamente assistimos nas últimas décadas ao desenvolvimento de um neo-fundamentalismo islâmico apresentado como herdeiro do papel desempenhado polo nacionalismo (pan-árabe) fracassado. Ora, em ambos casos, e sucessivamente no mundo arabo-islâmico, me atrevo a diagnosticar uma importante, e socialmente demolidora, crise por ausência (basicamente) dos pressupostos que fundamentavam as sociedades modernas, as sociedades dos útimos 200 anos. O nacionalismo (e o integrismo, com todas as respeitosas distâncias) são hoje -por vivazes ou agressivos que se apresentem- para bem ou para mal apenas um correlato capitidiminuído do que noutra época foi quase sacralidade. E instrumentos ideológicos de incerta eficácia, quer na sua versão dezanovesca quer na anti-colonialista, contra uma globalização desumanizadora. Em todo caso, julgo ser o meu humilde dever chamar para uma revisão pormenorizada de muitos elementos do nosso nacionalismo, a risco de que fiquemos sem nenhum instrumento para enfrentar eficazmente o presente.
      O último ponto, a desnecessariedade duma Confederação Ibérica no contexto de União Europeia: as minhas sugestões são conscientemente uma reivindicação pessoal -para além de tópicos- do quanto de americano, de africano, de árabe e judeu temos culturalmente -e em comum- as nações da Ibéria, e uma convocatória a fazer uso consciente do nosso ascendente sobre o mundo árabe-mussulmano, judeu e americano de expressão hispânica. Uma boa referência do que sugiro, mais do que Saramago ou a Commonwealth, são os trabalhos e o pensamento do filósofo português Agostinho da Silva, da que podeis encontrar comentário valioso em textos publicados neste mesmo blogue polo José António Lozano.
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      Com prazer, Miro, te cumprimento e tento responder de forma clara e sucinta. O primeiro, quanto às tuas considerações sobre a globalização, estou -como escrevia- com José Luis Sampedro e contigo. Acho muito pertinentes as tuas observações, infelizmente exactas. Sobre a diversa natureza dos nacionalismos, sem estado e com estado, estamos também de acordo, e como tal ideologia serviu de baluarte contra muitas ofensas. A isso agreguei eu há um ano, nas páginas d’ A Nossa Terra, que precisamente assistimos nas últimas décadas ao desenvolvimento de um neo-fundamentalismo islâmico apresentado como herdeiro do papel desempenhado polo nacionalismo (pan-árabe) fracassado. Ora, em ambos casos, e sucessivamente no mundo arabo-islâmico, me atrevo a diagnosticar uma importante, e socialmente demolidora, crise por ausência (basicamente) dos pressupostos que fundamentavam as sociedades modernas, as sociedades dos útimos 200 anos. O nacionalismo (e o integrismo, com todas as respeitosas distâncias) são hoje -por vivazes ou agressivos que se apresentem- para bem ou para mal apenas um correlato capitidiminuído do que noutra época foi quase sacralidade. E instrumentos ideológicos de incerta eficácia, quer na sua versão dezanovesca quer na anti-colonialista, contra uma globalização desumanizadora. Em todo caso, julgo ser o meu humilde dever chamar para uma revisão pormenorizada de muitos elementos do nosso nacionalismo, a risco de que fiquemos sem nenhum instrumento para enfrentar eficazmente o presente.
      O último ponto, a desnecessariedade duma Confederação Ibérica no contexto de União Europeia: as minhas sugestões são conscientemente uma reivindicação pessoal -para além de tópicos- do quanto de americano, de africano, de árabe e judeu temos culturalmente -e em comum- as nações da Ibéria, e uma convocatória a fazer uso consciente do nosso ascendente sobre o mundo árabe-mussulmano, judeu e americano de expressão hispânica. Uma boa referência do que sugiro, mais do que Saramago ou a Commonwealth, são os trabalhos e o pensamento do filósofo português Agostinho da Silva, da que podeis encontrar comentário valioso em textos publicados neste mesmo blogue polo José António Lozano.
      Uma aperta.

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      Olá Pedro,

      Primeiro, eu a priori não tenho nada contra as doutrinas iberistas, que acho muito lógicas, e coincido contigo e com Saramago em que a união ibérica é um processo em curso. Também não me oponho ao processo globalizador, per se.

      O que eu questiono é a natureza desses processos tal e como eles estão a acontecer e, particularmente, a discrepância entre a natureza “real” desses processos e a propaganda que deles se faz ou, noutras palavras, os esquemas interpretativos que são fornecidos aos cidadãos para a interpretação dessas realidades.

      Muito resumidamente acho que, embora o processo da globalização tenha muitas faces e algumas ao meu ver muito positivas, a força dominante está a ser, com grande diferença, a acumulação de capital e a expansão de mercados. Uma força que opera de costas viradas aos cidadãos/consumidores e ao planeta/matéria prima. Uma forca que, não só e antidemocrática na sua mesma essência, senão que está, como cabalo de Átila, produzindo uma involução democrática lá por onde passa. Cada vez vemos como os centros de decisão vão ficando mais longe dos cidadãos, como as conquistas sociais, para mim insuficientes, dos séculos XIX e XX estão a ser progressivamente erodidas em favor da acumulação de capitais e como as liberdades fundamentais ficam cada vez mais minguadas.

      Então o que eu digo é que esse processo, assim descrito, é tudo o contrario do que eu quereria. Eu preferiria uma globalização em quanto união livre de cidadãos livres e conscientes que levam as rédeas da sua existência individual e colectiva. O que temos é, pela contra, um processo que se está a cozer longe da vista dos cidadãos, que é contrário aos interesses da imensa maioria desses cidadãos, em quando seres humanos livres e incluso em quanto seres vivos, e ao que nos vemos abocados irremissivelmente queiramo-lo ou não.

      Pois eu, como qualquer um que ama a sua liberdade, que ama o ar que respira e a água que bebe, tenho-me que opor. Tenho que tentar, embora por vezes frustrado por uma paralisante sensação de impotência, reconduzir esse processo por onde a mim me interessa.

      No contexto ibérico, acho quase uma ofensa para a inteligência, o facto de que a absorção da economia portuguesa por parte da espanhola se disfarce de união fraternal entre povos. Máxime sendo galego.

      Não penso que se possa reduzir tudo a termos da dialéctica globalização versus nacionalismo. O nacionalismo não é mais do que um dos refúgios nos que a gente está a procurar protecção face a um mundo de incertezas. Sendo o outro grande refúgio a religião. De facto, tu falas de crise dos nacionalismos ibéricos e eu o que vejo é um ressurgir dos nacionalismos ibéricos e, nomeadamente, do espanhol. De facto, estou a ver um ressurgir dos nacionalismos europeus e um ressurgir das religiões e da superstição em geral. Mas não quereria sair muito do tema.

      O nacionalismo, particularmente o nacionalismo de Estado, é também um mecanismo ideológico para o controlo da plebe. Mas no que diz dos nacionalismo regionais, muitas vezes também surgem de conflitos de interesses objectivos e acho que esse é o caso do galego, que nem tem uma burguesia que o respalde, e já sabemos que o nacionalismo é um vício burguês e portanto muito imitado pelos de abaixo.

      Já para rematar, no contexto dos nacionalismos “regionais” ibéricos, dá-se uma circunstancia muito engraçada, porque é a própria existência duma entidade supra-estatal como é a UE a que faz com que o Estado Espanhol se torne relativamente supérfluo desde um certo ponto de vista.

      Um abraço,

      Miro

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      Olá Pedro,

      Primeiro, eu a priori não tenho nada contra as doutrinas iberistas, que acho muito lógicas, e coincido contigo e com Saramago em que a união ibérica é um processo em curso. Também não me oponho ao processo globalizador, per se.

      O que eu questiono é a natureza desses processos tal e como eles estão a acontecer e, particularmente, a discrepância entre a natureza “real” desses processos e a propaganda que deles se faz ou, noutras palavras, os esquemas interpretativos que são fornecidos aos cidadãos para a interpretação dessas realidades.

      Muito resumidamente acho que, embora o processo da globalização tenha muitas faces e algumas ao meu ver muito positivas, a força dominante está a ser, com grande diferença, a acumulação de capital e a expansão de mercados. Uma força que opera de costas viradas aos cidadãos/consumidores e ao planeta/matéria prima. Uma forca que, não só e antidemocrática na sua mesma essência, senão que está, como cabalo de Átila, produzindo uma involução democrática lá por onde passa. Cada vez vemos como os centros de decisão vão ficando mais longe dos cidadãos, como as conquistas sociais, para mim insuficientes, dos séculos XIX e XX estão a ser progressivamente erodidas em favor da acumulação de capitais e como as liberdades fundamentais ficam cada vez mais minguadas.

      Então o que eu digo é que esse processo, assim descrito, é tudo o contrario do que eu quereria. Eu preferiria uma globalização em quanto união livre de cidadãos livres e conscientes que levam as rédeas da sua existência individual e colectiva. O que temos é, pela contra, um processo que se está a cozer longe da vista dos cidadãos, que é contrário aos interesses da imensa maioria desses cidadãos, em quando seres humanos livres e incluso em quanto seres vivos, e ao que nos vemos abocados irremissivelmente queiramo-lo ou não.

      Pois eu, como qualquer um que ama a sua liberdade, que ama o ar que respira e a água que bebe, tenho-me que opor. Tenho que tentar, embora por vezes frustrado por uma paralisante sensação de impotência, reconduzir esse processo por onde a mim me interessa.

      No contexto ibérico, acho quase uma ofensa para a inteligência, o facto de que a absorção da economia portuguesa por parte da espanhola se disfarce de união fraternal entre povos. Máxime sendo galego.

      Não penso que se possa reduzir tudo a termos da dialéctica globalização versus nacionalismo. O nacionalismo não é mais do que um dos refúgios nos que a gente está a procurar protecção face a um mundo de incertezas. Sendo o outro grande refúgio a religião. De facto, tu falas de crise dos nacionalismos ibéricos e eu o que vejo é um ressurgir dos nacionalismos ibéricos e, nomeadamente, do espanhol. De facto, estou a ver um ressurgir dos nacionalismos europeus e um ressurgir das religiões e da superstição em geral. Mas não quereria sair muito do tema.

      O nacionalismo, particularmente o nacionalismo de Estado, é também um mecanismo ideológico para o controlo da plebe. Mas no que diz dos nacionalismo regionais, muitas vezes também surgem de conflitos de interesses objectivos e acho que esse é o caso do galego, que nem tem uma burguesia que o respalde, e já sabemos que o nacionalismo é um vício burguês e portanto muito imitado pelos de abaixo.

      Já para rematar, no contexto dos nacionalismos “regionais” ibéricos, dá-se uma circunstancia muito engraçada, porque é a própria existência duma entidade supra-estatal como é a UE a que faz com que o Estado Espanhol se torne relativamente supérfluo desde um certo ponto de vista.

      Um abraço,

      Miro

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      Olá Pedro,

      Primeiro, eu a priori não tenho nada contra as doutrinas iberistas, que acho muito lógicas, e coincido contigo e com Saramago em que a união ibérica é um processo em curso. Também não me oponho ao processo globalizador, per se.

      O que eu questiono é a natureza desses processos tal e como eles estão a acontecer e, particularmente, a discrepância entre a natureza “real” desses processos e a propaganda que deles se faz ou, noutras palavras, os esquemas interpretativos que são fornecidos aos cidadãos para a interpretação dessas realidades.

      Muito resumidamente acho que, embora o processo da globalização tenha muitas faces e algumas ao meu ver muito positivas, a força dominante está a ser, com grande diferença, a acumulação de capital e a expansão de mercados. Uma força que opera de costas viradas aos cidadãos/consumidores e ao planeta/matéria prima. Uma forca que, não só e antidemocrática na sua mesma essência, senão que está, como cabalo de Átila, produzindo uma involução democrática lá por onde passa. Cada vez vemos como os centros de decisão vão ficando mais longe dos cidadãos, como as conquistas sociais, para mim insuficientes, dos séculos XIX e XX estão a ser progressivamente erodidas em favor da acumulação de capitais e como as liberdades fundamentais ficam cada vez mais minguadas.

      Então o que eu digo é que esse processo, assim descrito, é tudo o contrario do que eu quereria. Eu preferiria uma globalização em quanto união livre de cidadãos livres e conscientes que levam as rédeas da sua existência individual e colectiva. O que temos é, pela contra, um processo que se está a cozer longe da vista dos cidadãos, que é contrário aos interesses da imensa maioria desses cidadãos, em quando seres humanos livres e incluso em quanto seres vivos, e ao que nos vemos abocados irremissivelmente queiramo-lo ou não.

      Pois eu, como qualquer um que ama a sua liberdade, que ama o ar que respira e a água que bebe, tenho-me que opor. Tenho que tentar, embora por vezes frustrado por uma paralisante sensação de impotência, reconduzir esse processo por onde a mim me interessa.

      No contexto ibérico, acho quase uma ofensa para a inteligência, o facto de que a absorção da economia portuguesa por parte da espanhola se disfarce de união fraternal entre povos. Máxime sendo galego.

      Não penso que se possa reduzir tudo a termos da dialéctica globalização versus nacionalismo. O nacionalismo não é mais do que um dos refúgios nos que a gente está a procurar protecção face a um mundo de incertezas. Sendo o outro grande refúgio a religião. De facto, tu falas de crise dos nacionalismos ibéricos e eu o que vejo é um ressurgir dos nacionalismos ibéricos e, nomeadamente, do espanhol. De facto, estou a ver um ressurgir dos nacionalismos europeus e um ressurgir das religiões e da superstição em geral. Mas não quereria sair muito do tema.

      O nacionalismo, particularmente o nacionalismo de Estado, é também um mecanismo ideológico para o controlo da plebe. Mas no que diz dos nacionalismo regionais, muitas vezes também surgem de conflitos de interesses objectivos e acho que esse é o caso do galego, que nem tem uma burguesia que o respalde, e já sabemos que o nacionalismo é um vício burguês e portanto muito imitado pelos de abaixo.

      Já para rematar, no contexto dos nacionalismos “regionais” ibéricos, dá-se uma circunstancia muito engraçada, porque é a própria existência duma entidade supra-estatal como é a UE a que faz com que o Estado Espanhol se torne relativamente supérfluo desde um certo ponto de vista.

      Um abraço,

      Miro

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      Olá Pedro,

      Primeiro, eu a priori não tenho nada contra as doutrinas iberistas, que acho muito lógicas, e coincido contigo e com Saramago em que a união ibérica é um processo em curso. Também não me oponho ao processo globalizador, per se.

      O que eu questiono é a natureza desses processos tal e como eles estão a acontecer e, particularmente, a discrepância entre a natureza “real” desses processos e a propaganda que deles se faz ou, noutras palavras, os esquemas interpretativos que são fornecidos aos cidadãos para a interpretação dessas realidades.

      Muito resumidamente acho que, embora o processo da globalização tenha muitas faces e algumas ao meu ver muito positivas, a força dominante está a ser, com grande diferença, a acumulação de capital e a expansão de mercados. Uma força que opera de costas viradas aos cidadãos/consumidores e ao planeta/matéria prima. Uma forca que, não só e antidemocrática na sua mesma essência, senão que está, como cabalo de Átila, produzindo uma involução democrática lá por onde passa. Cada vez vemos como os centros de decisão vão ficando mais longe dos cidadãos, como as conquistas sociais, para mim insuficientes, dos séculos XIX e XX estão a ser progressivamente erodidas em favor da acumulação de capitais e como as liberdades fundamentais ficam cada vez mais minguadas.

      Então o que eu digo é que esse processo, assim descrito, é tudo o contrario do que eu quereria. Eu preferiria uma globalização em quanto união livre de cidadãos livres e conscientes que levam as rédeas da sua existência individual e colectiva. O que temos é, pela contra, um processo que se está a cozer longe da vista dos cidadãos, que é contrário aos interesses da imensa maioria desses cidadãos, em quando seres humanos livres e incluso em quanto seres vivos, e ao que nos vemos abocados irremissivelmente queiramo-lo ou não.

      Pois eu, como qualquer um que ama a sua liberdade, que ama o ar que respira e a água que bebe, tenho-me que opor. Tenho que tentar, embora por vezes frustrado por uma paralisante sensação de impotência, reconduzir esse processo por onde a mim me interessa.

      No contexto ibérico, acho quase uma ofensa para a inteligência, o facto de que a absorção da economia portuguesa por parte da espanhola se disfarce de união fraternal entre povos. Máxime sendo galego.

      Não penso que se possa reduzir tudo a termos da dialéctica globalização versus nacionalismo. O nacionalismo não é mais do que um dos refúgios nos que a gente está a procurar protecção face a um mundo de incertezas. Sendo o outro grande refúgio a religião. De facto, tu falas de crise dos nacionalismos ibéricos e eu o que vejo é um ressurgir dos nacionalismos ibéricos e, nomeadamente, do espanhol. De facto, estou a ver um ressurgir dos nacionalismos europeus e um ressurgir das religiões e da superstição em geral. Mas não quereria sair muito do tema.

      O nacionalismo, particularmente o nacionalismo de Estado, é também um mecanismo ideológico para o controlo da plebe. Mas no que diz dos nacionalismo regionais, muitas vezes também surgem de conflitos de interesses objectivos e acho que esse é o caso do galego, que nem tem uma burguesia que o respalde, e já sabemos que o nacionalismo é um vício burguês e portanto muito imitado pelos de abaixo.

      Já para rematar, no contexto dos nacionalismos “regionais” ibéricos, dá-se uma circunstancia muito engraçada, porque é a própria existência duma entidade supra-estatal como é a UE a que faz com que o Estado Espanhol se torne relativamente supérfluo desde um certo ponto de vista.

      Um abraço,

      Miro

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