• 0034-609-653-176
  • contacto@alfredoferreiro.com
  • Galiza, Espanha, Europa

Saudade 11

Viajou sempre entre nós o riso agudo dos cínicos

Saudade. Revista de poesia 11

Armando Silva Carvalho

Viajou sempre connosco aquilo que intumesce a alma
e faz saltitar o amor sobre uma prancha de zinco
incontestável. São os agoiros que há tempo enclausuraram
na face do mundo a alegria,
as sombras que apagaram as flores no jardim da vida.
Hoje voltam a alumiar o velho poço do medo

em que crescemos por gerações
como alimárias, privados dos aromas do pensamento.
Voltam os tempos em que o ar foi um sonho azul,
uma ventura abstracta,
um espaço prometido para o amor
explodir, uma ficção necessária.
Hoje volta o ar opaco e castigador do poço,
o ar consumido, irrequieto, inimigo
de um desejo básico, humano e santo,
aquele que gostam de apanhar
crianças a dançar entre borboletas.

Hoje o vinho não faz espuma
nos cálices do amor.

A. F.

En poucas ocasións como no 2 de marzo pasado sentín a necesidade de escribir un poema político. O tema proposto  polo António José Queirós para o número era ‘azul’, palabra que debía aparecer nun poema inédito. Outros galegos que figuran no número son Iolanda Aldrei, Tati Mancebo e Xosé Lois García, xunto cun contributo angolano, tres brasileiros e cuarenta e tres portugueses.

Share

2 thoughts on “Saudade 11

    • Author gravatarAuthor gravatar

      Eu tamén son pola positividade da situación, nunca polo derrotismo. Até penso que certas circunstancias negativas se revelan como o auténtico catalizador dunha mudanza necesaria e fundamental.

    • Author gravatarAuthor gravatar

      A alegría vive en nós, e tivemos ar limpo abondo coma para resistir mentras saimos do pozo.

      Boa viaxe!

Comments are closed.