Automático 29/03/2014
Começar a roer sem termo
como em uma deflagração óssea
que só incumbe aos planetas irados
que nos governam internamente,
internamente marcianos ou venéreos,
docemente mercuriais ou arrebatadamente plutónicos,
todos aplaudindo a dança que o sol e a lua
dedicam ao mundo enquanto parem satélites
entre a sucata estelar que defeca o progresso.
Cataclismos são os prémios que merecemos
desde que avaliados pela desagradecida divindade
a que chamamos Deus. Somos seus escravos
e não há convénio laboral que regule
sua ânsia de poder e a nossa de escravatura.
É a realidade que nos possui
sem permissão por diante e por detrás
como uma espinha que não vemos
mas que desejamos albergar
na triste vida que sonhamos
no decente mundo do real.
Categorias múltiplas, como cavalos
de várias raças galopam sem cessar
e nós a pé comungamos
sob a pedra do real.
Alfredo Ferreiro, 29/03/2014.