Um dos principais problemas da Galiza é uma espanholidade mal ressolta. Quando essa espanholidade, que resta galeguidade, não é percebida a colonização é total; é para nós, em definitivo, um venenoso quadro de referências que está a operar sob a tona do quotidiano. Porque o problema é muitos galegos não assumirem a existência de uma espanholidade que elude o fato de a maior parte dos nossos genes culturais nos vincularem a Portugal muito antes do que à Andaluzia, a Castela, à Catalunha ou ao País Basco. Isso implica, é claro, um desconhecimento dos próprios recursos e, consequentemente, uma alienação que conduz à escravatura mental e social. Por esta causa é tão preciso que uma dose urgente de lusismo for inoculada no nosso corpo cultural.
Podemos os galegos ser oficialmente espanhóis e documentalmente estrangeiros em Portugal, mas referencial e culturalmente devemos é renunciar a ser cifras da nação espanhola. Para isto acontecer, só com que a língua, a literatura, a música e as artes portuguesas em geral fossem na Galiza tão bem recebidas como as espanholas da Andaluzia teríamos andado muito caminho. Trata-se de fazermos uma transfusão com sangue compatível, para continuarmos avançando em lugar de dia após dia sucumbir.
A Espanha ultrajou e danou tanto a cultura galega que um movimento galeguista progride do século XIX até aos nossos dias. Mas, qual a perspectiva do esforço galeguista até à data? Um só conceito resume tudo: Espanha. Tudo ou quase tudo o que foi revalorizado culturalmente na Galiza conseguiu-se apesar da Espanha ou como resistência a este Estado que, com rigor colonizador, pretende erguer a nação espanhola sobre as ruínas de outras nações hispânicas. Por isso é a hora de construir na Galiza um futuro alicerçado numa realidade central: a realidade histórica que afirma a língua da Galiza ser a certa matriz da lusofonia e que ao tempo ressalta a irmandade natural de galegos e portugueses, para além do convencional quadro espanhol que empece a nossa comunicação direta e o apoio mútuo.
Alfredo Ferreiro, 17 de maio de 2015
Compreendo o que nos contas. Alguns fazemos o esforço dentro do país como se estivéssemos, tantas vezes, vivendo no exílio. Eu pertenço a um grupo de escritores que em 90 criou uma Associação Galega de Escritores –lusógrafos, é claro– que visava divulgar a nossa literatura como morando no estrangeiro, prescindindo da reivindicação política e gráfica, adotando a nossa normalidade lusófona sem preconceitos e assumindo um quadro de referências que nós denominávamos pós-lusismo. A ver vamos se não teremos de recuperar estas iniciativas.
e mesmo tao singelo. Levo ja uns10 anos a desespanholizarme . nao so de palavra, como quando era mais novo rexeitando ser espanhol porque sim, nem sequera falando galego. Alongeime da terra, marchei para pais estrangeiro cheo de emigrantes galego-portugueses. E por fim acadei a possivilidade de distanciarme dos mass meidas, do espanhoismo omnipresente presente na na Galiza. ainda tentando agocharse de el , esta em todo-los lados.
Uma vez longe, tudo e a vontade. CAda viagem a Porto e Galiza era para fazerme com um cento de produtos culturais galego portugeuses, e logo voltava a minha cova em outro pais europeio. musica: Xutos e pontapes, ses , mercedes peon, dazkarie, madredeus, deolinda, oquestrada, tiago bettancourt, antonio variacoes, luar n lubre , zeca afonso, joao afonso, sergio godinho, rui veloso, zenzar, caxade, etc. Livros o mesmo , carregado de literatura galego portuguesa, pssoas, saramogos, sechus sende, qunqueiros, cabanillas , teresas moure, pepetelas .angola , brasil , portugal , galiza… todo em armonia no exilio . E quando a fame chamava, a um dos 4 restaurantes tugas na cidade do exilio… pregos, douradas, licores beiraos, bagacos, vinhos verdes-albarinhos. entre vinhos entendi a todos os nosos emigrantes do passado , quando eram galegos mais livres fora da propria galiza Mas o abrir a porta ,sair do restaurante, caminhar pela rua , so uma unica companhia , as saudades. …mas finalmente desespanholizandome…ou melhor dito, galegoportuguizandome…